O concelho de Tábua alcançou os 80 % de cobertura ao nível do saneamento básico. Para tal contribuiu, ontem, a inauguração do Sistema de Drenagem de Águas Residuais de Meda de Mouros e Bogalhas e ampliação da ETAR de Pinheiro de Coja, do Sistema de Espariz e Carragosela e respetiva ETAR, bem como o Sistema de Vale de Taipa, Babau e Sevilha, num investimento a rondar os 3 milhões de Euros. A estes juntam-se também dois sistemas de drenagem já em funcionamento, que no conjunto correspondem a 39.157 metros de condutas e possibilitam a ligação de 766 ramais domiciliários. O investimento global é 4 milhões de Euros, financiados em cerca de 2,7 milhões de Euros pelo POSEUR, correspondendo a um investimento municipal na ordem de 1,2 milhões de Euros.
A contar com a presença do Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que ontem procedeu à inauguração dos novos equipamentos, o presidente da Câmara Municipal de Tábua deu conta de que, a partir de agora, “mais de 450 famílias vão ter disponibilidade de aceder ao tratamento das águas residuais e ter maior qualidade de vida”. “Este é a nossa função de estar nas autarquias”, observou o autarca, recordando que em 2021 Tábua “tinha 71 por cento do seu território coberto com sistemas de drenagens residuais” e que, nessa matéria, ocupava o “6º lugar no distrito de Coimbra”.
O investimento agora realizado em Tábua e comparticipado pelo Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Usos de Recursos (POSEUR) decorreu no âmbito da AINTAR – Associação de Municípios para o Sistema Intermunicipal de Águas Residuais de Carregal do Sal, Santa Comba Dão, Tábua e Tondela, em atividade desde 1 de novembro de 2022. “ Temos um sistema mais coeso, mais eficaz para que possamos todos cuidar do ambiente. Estamos a trilhar um cominho conjunto e correto”, considerou Ricardo Cruz.
Na receção que hoje fez ao ministro do Ambiente, o autarca tabuense prestou um reconhecimento ao trabalho que vem sendo feito nesta área, esperando que Duarte Cordeio “possa continuar com a força que o caracteriza ao serviço do bem público e de Portugal”. De modo particular, Ricardo Cruz alertou o governante para o problema que ainda subsiste em alguns sistemas de ligação das águas pluviais nos sistemas de esgotos, “prejudicando o normal funcionamento das ETAR” . Do mesmo modo e atento aos benefícios da economia circular, o autarca tabuense sublinhou a importância de águas limpas saídas das ETARS serem reutilizadas para “água pública e outras tarefas que não a ação de a beber”.
Antes de inaugurar os três sistemas de drenagem em Tábua, o ministro do Ambiente inaugurou, ontem, um sistema em Currelos, no concelho de Carregal do Sal, num investimento total a rondar os 6,5 milhões de Euros e cuja gestão passa para a alçada da AINTAR. Volvidos sete meses após a entrada em funcionamento da Associação, o presidente Paulo Catalino faz um balanço positivo do trabalho desenvolvido pelos municípios que a integram. De modo particular apreciou o esforço do Município de Tábua. “Sem este espírito de cooperação não conseguiríamos atingir o grau de excelência alcançado em sete meses”, afirmou, registando de igual modo o bom envolvimento de Helena Azevedo, responsável pelo POSEUR.
No conjunto dos quatro concelhos “já estão em obra mais de seis milhões de Euros de investimento, pelo menos um milhão por município, sendo que em Tábua e Santa Comba Dão estão mais do que um milhão de Euros em construção”. Segundo Paulo Catalino, no território estão sinalizados entre 20 a 30 milhões de Euros de investimento para fazer”. Contas feitas são “600 km de área, 145 ETARs, 113 estações elevatórias” e “só se faz com determinação e com coragem”. Apelou a que outros municípios adiram à Associação e a acarinhem porque “faz um trabalho extremamente nobre na região”.
A inauguração dos novos sistemas contribuiu para “aproximar o país das metas ambientais”, permitindo que “99 % da nossa água tenha qualidade e 85 % da população tenha acesso ao saneamento”. Motivo mais do que suficiente para Duarte Cordeiro aplaudir o o investimento feito em Tábua e que faz com que o concelho chegue aos 80 por cento de cobertura. A parte deste desiderato, o governante situa a “sustentabilidade na gestão”. “Por isso é tão importante a AINTAR e que outros concelhos se associem para aumentar a capacidade de gestão. Esta apostas de agregação têm que ter futuro e o ciclo urbano da água tem que ser um requisito”, defendeu.
Atento aos impactos das alterações climáticas e ao casos de “stress hídrico” que se verifica em alguns locais do país, nomeadamente no Alentejo, Duarte Cordeiro dá conta da possibilidade de melhorar a captação de água na Barragem de Paúl. Porém, o governante apelou ao uso da água reciclada que resulta dos sistemas de tratamento como os que hoje foram inaugurados. “Com estes equipamentos podemos aproveitar melhor a água, com a sua utilização pelos municípios em lavagens, rega de espaços verdes e disponibilização de água para as indústrias e para a agricultura. É um passo que temos que dar para reforçar a resiliência do território”, afirmou o ministro.