Um incêndio que começou na sexta-feira em Nelas e que rapidamente se alastrou aos concelhos de Oliveira do Hospital e Seia. Foi esta a situação com que se deparou a população das Seixas, em Seixo da Beira, na manhã deste sábado. Mas, desta vez, não passou de um “cenário hipotético”. Tratou-se do Exercício Fénix, um simulacro de um incêndio rural, também no âmbito da implementação do Programa “Aldeia Segura Pessoas Seguras”.
Organizado pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, através dos Comandos Sub-regionais de Viseu e Dão Lafões, das Beiras e Serra da Estrela e da Região de Coimbra, o Exercício Fénix tinha como principal objetivo “testar a componente de comando e controlo, alicerçada no recém publicado Sistema de Gestão de Operações”. Dirigido de acordo com o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro e com o Sistema de Gestão de Operações, pretendia-se “simular a ocorrência de um incêndio com elevada velocidade de propagação e com comportamento extremo, colocando desta forma à prova as capacidades de comando, controlo e comunicações e de todos os mecanismos de apoio à decisão operacional nos seus vários escalões hierárquicos”.
Já passava das 10h30 quando Daniel Ventura, Oficial de Segurança Local, recebeu a chamada do posto de comando a informar da necessidade de evacuar a localidade e logo procedeu em conformidade com a ajuda do megafone e o toque insistente do sino da igreja. Minutos depois, a população dirigiu-se ao Largo da Capela, o Refúgio Coletivo para onde devem dirigir-se em caso de catástrofe. Ao Oficial de Segurança Local chega a indicação de que duas pessoas com mobilidade reduzida necessitam de ser retiradas de casa. Em segundos, elementos dos bombeiros que ali já se encontravam, seguiram para as respetivas habitações e rapidamente colocaram em segurança os populares com limitações físicas.
Escolhido como cenário para a ocorrência simulada, Oliveira do Hospital testou os seus instrumentos de gestão e resposta no âmbito da proteção civil, nomeadamente o plano municipal de emergência e proteção civil e o seu serviço municipal de proteção civil.
Em Seixas, o simulacro envolveu mais de uma centena de pessoas, entre a população, elementos do Serviço Municipal de Proteção Civil, bombeiros das corporações de Lagares da Beira e de Oliveira do Hospital, GNR, Comando Sub-regional de Coimbra e outras entidades.
Proteção Civil somos todos nós
“A Proteção Civil somos todos nós”, sublinhou José Francisco Rolo no final do exercício. Para o presidente do Município oliveirense, “todos temos um papel ativo ao termos comportamentos seguros e ao cumprir regras”. A agradecer “ a disponibilidade e o comportamento exemplar” da população, o autarca afirmou que “Seixas marca uma nova fase, com a implementação do programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras”. Agora, o objetivo é continuar pelo concelho fora.
José Francisco Rolo destacou, ainda, a importância do Oficial de Segurança e sua equipa, assim como todos os operacionais envolvidos que têm a missão de “não deixar ninguém para trás”.
“Em 2017 conseguimos fazer isto sem método e sem Oficial de Segurança. Conseguimos salvar pessoas e bens. Imaginem hoje”, referiu, acreditando que, com este tipo de iniciativas, as populações estarão mais atentas e prontas a agir.
População não quer reviver catástrofe de 2017
Os incêndios de outubro de 2017 voltaram a ser tema. Porque “é impossível esquecer” o pesadelo e a população teme deparar-se com cenário idêntico. Foi o que levou António Ferreira a comparecer no Largo da Capela. Um dos 230 habitantes de Seixas acredita que, após este simulacro, a população, “pequena e envelhecida”, estará “mais preparada” para agir em caso de urgência.
“Deus queira que não voltemos a passar por nenhum incêndio. Já bastou a tragédia de 2017. Até tenho escrito assim: O dia 15 de outubro de 2017, esse vai ficar na história, porque nunca ninguém o esquece. Começou no Sabugueiro às 6h30 da manhã, era dia do anjo da guarda que se venera em Vila Chã”, rimou António Ferreira.