No passado dia 18 de novembro decorreu, em Oliveira do Hospital, o evento de lançamento do Cluster Portuguese Circularity, que está sediado no campus de tecnologia e inovação- BLC3, localizado em Lagares da Beira. A iniciativa, que contou com a participação de mais de uma centena de pessoas, marcou o “início de uma nova etapa para a promoção da economia circular em Portugal.
Segundo comunicado enviado à Rádio Boa Nova, o Cluster Portuguese Circularity surge de uma parceria estratégica e complementar entre o CECOLAB (Laboratório Colaborativo para a Economia Circular) e a Associação Smart Waste Portugal (ASWP), para acelerar a transformação circular da economia portuguesa, nomeadamente ao apoiar as empresas na adoção e implementação de soluções e modelos de negócio circulares, com vista à sua internacionalização e atuação em escala global.
O anfitrião do evento, João Nunes, presidente do Conselho de Administração do CECOLAB, e Aires Pereira, Presidente da Direção da ASWP, enquanto representantes das entidades que materializam esta parceria, abriram a sessão destacando a importância da cooperação entre o setor público e privado na transição circular.
João Nunes destacou “a importância deste cluster para a região interior, demonstrando que estas regiões têm um potencial de se afirmar perante as grandes cidades”, reforçando ainda que “o Cluster pretende colocar (Portugal) em bicos de pés e posicionar-nos ao nível internacional, com uma base sólida na área da Economia Circular”. O presidente do CECOLAB referiu o desafio e necessidade: “às empresas inovação e à política ação”.
Já Aires Pereira afirmou que o Cluster Portuguese Circularity “pretende apoiar as entidades na adoção e implementação de soluções e modelos de negócio circulares, com vista à sua internacionalização e atuação em escala global”, algo bastante importante depois de uma década marcada pela “perda acelerada de biodiversidade, crises energéticas e de matérias- primas, volatilidade dos mercados internacionais, pressão sobre cadeias de valor globais, produção excessiva de resíduos e impactos das alterações climáticas”.
O lançamento do “maior cluster empresarial sediado na região Interior do país” contou com a presença de Octávio Borges, da Direção de Empreendedorismo e Inovação do IAPMEI, e Luís Matias, Coordenador da IIBT (Intervenção Integrada de Base Territorial) do Pinhal Interior, que representou a sub-região e partilhou a satisfação por esta acolher o Cluster Portuguese Circularity, sendo este uma oportunidade para “gerar oportunidades, criar valor, crescer” a partir de um território que sofre bastante com o despovoamento.
Por fim, Alexandra Rodrigues, vice-presidente da CCDR Centro, destacou a importância do trabalho em rede, uma vez que a “economia circular é a locomotiva para levar o desenvolvimento aos vários territórios”. Afirmou ainda que “ficou bem claro o nó central que se encontra em Oliveira do Hospital, enquanto malha de rede que procura a maior capilaridade possível na região e no país”.
O cluster conta, atualmente, com 72 membros: 47 Empresas; 14 entidades do Sistema Científico e Tecnológico; 8 Associações; e 3 Câmaras Municipais. Estas entidades representam um elevado peso e contributo para a economia nacional, com um volume de negócios superior a 3,8 mil milhões de euros e um volume de exportações superior a 815 milhões de euros, com um Valor Acrescentado Bruto superior a 1,2 milhões de euros e um número total de trabalhadores superior a 42 mil. “Estes valores revelam um grande crescimento face aos que foram apresentados na fase de candidatura, sendo que em alguns casos supera mesmo os indicadores definidos a superar até 2030. “Estamos a demonstrar que o trabalho em rede tem propósito, faz todo o sentido, e estamos no bom caminho”, afirmou Filipa Figueiredo.
Quanto às atividades futuras, o cluster propõe-se a colocar mais de 200 novos produtos ou serviços circulares no mercado, nos próximos cinco anos, captar mais de 50 milhões de euros de investimento de risco em projetos de investigação e inovação, contribuir para o alcance de cinco novas políticas de mercado, capacitar mais de 10 mil recursos humanos para as temáticas relacionadas com a economia circular, criar cinco novos grupos de trabalho de interação e cooperação com cinco clusters nacionais e europeus, promover duas atividades de networking entre clusters e duas missões empresariais internacionais por ano.
Por fim, o Cluster Portuguese Circularity pretende ainda criar uma marca e um selo “Circularity Portugal” para potenciar internacionalmente a imagem dos produtos e serviços desenvolvidos no âmbito do cluster, organizar a EXPO Circularity Portugal, desenvolver um serviço de EAGLE EYE para identificar oportunidades de investimento, bem como um capacity form para perceber as fragilidades no campo das competências, e atribuir três prémios anualmente – ESG Circularity Prize, Carbon Circularity Prize e i.Circularity Prize.
O evento contou ainda com o keynote speaker Miguel Brandão, Professor Associado do KTH – Royal Institute of Technology of Stockholm, que trouxe uma análise crítica à Avaliação do Ciclo de Vida, uma ferramenta indispensável para apoiar na descarbonização da economia.
“É preciso fazer as contas de forma sistemática, ver o trade-off”, referiu após ter dado diversos exemplos de práticas que se acreditam ser sustentáveis, mas que não trazem uma redução significativa do impacte ambiental.
Já o encerramento do evento ficou a cargo do Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, que destacou a importância para a região deste reconhecimento do cluster. “Entendo que este é um grande desafio, que deve ser mobilizador, estimulante e incentivador para o trabalho em rede”, referiu o autarca, frisando ainda que o município estará disponível para apoiar os projetos desenvolvidos.
Este Cluster dedicado à Economia Circular vai promover a investigação, a inovação e o empreendedorismo na área da economia circular e da digitalização; identificar oportunidades de financiamento e desenvolver políticas para o crescimento do mercado; promover programas de formação nas áreas da circularidade e da transição digital; criar grupos de trabalho para potenciar a simbiose industrial e a cooperação internacional; apoiar os membros na definição de estratégias de internacionalização; e reforçar a posição de Portugal na economia circular, ambicionando um aumento da taxa de circularidade da economia portuguesa para 5%, num prazo de cinco anos.























