À semelhança do que se passa um pouco por todo o país, os professores do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital (AEOH) avançam, esta quinta-feira, com uma greve, tal como aconteceu a 13 de dezembro. Em causa está o sistema de avaliação dos docentes, a municipalização dos concursos e a não progressão da carreira. Recorde-se que desde 9 de dezembro que está em curso uma greve por tempo indeterminado.
“Declaração, urbi et orbi, do Movimento de Professores do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital”
“Nós, educadores e professores do ensino básico e do ensino secundário do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital (AEOH), consideramos que sucessivas leis, discursos, práticas e desígnios, mais ou menos encobertos, assumidos pelo atual Governo e o seu Ministro da Educação — e que, em muitos aspetos, reproduzem o modus operandi dos últimos Governos e Ministros da Educação — desqualificaram a nossa profissão e tornaram o nosso trabalho na escola extenuante, frustrante e quase impraticável.
Por isso, exigimos mudanças nas políticas educativas.
Queremos uma legislação que combata a indisciplina nas escolas e proteja professores e alunos.
Não queremos mais ser asfixiados por burocracias inúteis, controleiras e mistificadoras, que nos esgotam e roubam tempo para pensarmos, investigarmos e planificarmos aulas.
Queremos que o nosso trabalho na sala de aula seja respeitado e encorajado.
Não queremos uma avaliação de professores assente em critérios etéreos que tendem a premiar os mais habilidosos e a penalizar os mais empenhados, assim como a bloquear ardilosamente a progressão na carreira docente.
Queremos aceder a uma formação de professores séria, que não despreze a nossa atualização científica enquanto glorifica cursos de formação, mais ou menos imprestáveis, nas áreas da capacitação digital, da avaliação pedagógica e dos mindfulness.
Não queremos ser recrutados por autarcas e diretores escolares conluiados e instigados por motivações subjetivas já tão institucionalizadas neste país de «brandos costumes», mas sim por concursos nacionais que selecionam os professores com melhores currículos académicos e profissionais. Sabemos, aliás, que as aspirações de criar um sistema educativo descentralizado num país pequeno, em termos territoriais e demográficos, foram já experimentadas por governos da Monarquia Constitucional e da I República, mas revelaram-se sempre ineficazes e dissolutas.
Queremos a devolução integral dos 9 anos e 4 meses de serviço que cumprimos e que nos foi usurpado para efeitos de aposentação e de progressão na carreira. Enfim, desejamos que a configuração do nosso sistema educativo seja construída também com a participação dos “professores operários”, que pisam, todos os dias, o chão das salas de aula, e não exclusivamente decretada, de cima para baixo, por políticos e tecnocratas que ignoram, olimpicamente, os problemas quotidianos enfrentados por alunos, professores, assistentes operacionais e outros técnicos que trabalham nas escolas.
Basta!
Consideramos que chegámos ao limite das nossas forças. Sentimo-nos traídos e menorizados por um ministro da Educação que exige o sacrífico dos professores, estrangula muitos de nós com excesso de trabalho, com trabalho precário, com trabalho nómada, com trabalho mal pago, sem nos compensar com a mais elementar solidariedade.
Temos a convicção inamovível que estamos do lado certo da História. Que empenhamos a nossa honra, sacrifício e parcos salários em prol de uma luta difícil que visa dignificar a carreira docente e tornar a escola pública mais justa, exigente, inclusiva e fraterna, nos domínios da formação e educação cívica, científica e/ou profissional.
Por estas e outras razões que não cabem num documento como este, declaramos, à comunidade local e ao país, que a escola pública vai continuar a viver tempos de intensa instabilidade que só será superada quando este ministro da Educação demonstrar genuína disponibilidade para negociar com educadores e professores um novo presente e futuro para a educação nacional”.
O Movimento de Professores do AEOH