O Polo Industrial da Cordinha, na freguesia de Seixo da Beira, no concelho oliveirense, vai acolher duas empresas. Esta terça-feira, na apresentação dos respetivos projetos, José Carlos Alexandrino voltou a insistir em boicote por parte de Francisco Rodrigues que, anteriormente, era responsável por este processo. O autarca acusa o técnico de “esconder que uma das empresas estava interessada” em fixar-se naquela zona.
A sede do Clube D. R. Vasco da Gama, no Seixo da Beira, foi palco, esta manhã, da apresentação de duas empresas que se vão fixar no Polo Industrial da Cordinha. Os respetivos empresários esperam já estar a laborar no terreno em 2022.
Na ocasião, José Carlos Alexandrino, presidente do Município de Oliveira do Hospital, agradeceu aos empresários “por fazerem a diferença”. Adiantou que, em reunião da Câmara Municipal, vai “propor que todas as obras que sejam feitas neste parque industrial fiquem isentas de pagamento de qualquer taxa”. “É uma forma de agradecer pelo contributo”, justificou, mostrando-se satisfeito pela criação de cerca de 100 postos de trabalho.
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, fez questão de marcar presença para comprovar que “Oliveira do Hospital, sendo um território do interior, tem um dinamismo invejavel”. Afirmou que as empresas que se vão fixar “são o melhor exemplo”, pois “são baseadas em conhecimento, em ciência e tecnologia”, ambas “na área da economia circular”.
“Em Oliveira do Hospital, em investimento empresarial, ciência, tecnologia e captação de emprego, foram aprovados 127 projetos, no âmbito do Programa Portugal 2020, nomeadamente o Centro 2020, que representa cerca de 25 milhões de Euros”.
Por sua vez, Margarida Claro, presidente da Junta de Freguesia de Seixo da Beira, realçou que “durante mais de duas décadas, o Polo Industrial da Cordinha foi um elefante branco” e que “foi com este executivo liderado por José Carlos Alexandrino que se conseguiram instalar duas empresas”. A esta altura, a autarca está confiante de que se inicia, agora, “um desenvolvimento sustentável e inovador” na Cordinha.
“Lisbogal”, de Torrefação de Café, será uma das empresas que se vai fixar na zona norte do concelho oliveirense. Criada em 2006 na Alemanha, Carlos Tomás pretende, agora, mudar a sua empresa para Portugal e não hesitou em investir em Oliveira do Hospital. “Lisbogal” “tem por base usar os resíduos de café para criar ervas aromáticas no telhado que será usado como estufa”, tal como explicou o empresário. O negócio representa um investimento de 480 mil Euros e pretende empregar cerca de quatro pessoas, duas das quais com necessidades especiais. Em parceria com a “Lisbogal”, no mesmo terreno vai-se fixar uma outra empresa, a “Dom Biscoito” que vai permitir dar emprego a dez pessoas.
A segunda empresa que escolheu a Cordinha para laborar designa-se por “Planet Pack” que recorre a “duas metérias-primas biodegradáveis”, “uma com base em resíduos florestais e outra com base em resíduos de papel”. “Desenvolvemos um composto que consegue transformar estes resíduos em matéria-prima e, através do tradicional sistema de infeção, injetamos e produzimos determinado tipo de embalagens ecológicas”, começou por explicar Vasco Lopes, um dos gerentes do negócio. A grande preocupação é a “substituição do plástico e aproveitar os resíduos”. A “Planet Pack” divide-se em duas áreas distintas: a unidade fabril que vai empregar entre 50 a 60 pessoas, e o laboratório que dará emprego entre 10 a 15 pessoas. A nova unidade industrial apresenta um investimento de cerca de oito milhões de Euros.
Alexandrino insiste em boicote de Francisco Rodrigues
A propósito da implementação desta última empresa, José Carlos Alexandrino voltou a acusar Francisco Rodrigues de boicotar processos, uma vez que, anteriormente, o empresário Vasco Lopes tinha contactado e reunido com o técnico da Câmara por mostrar interesse em adquirir um lote e o autarca nunca teve conhecimento. “O empresário teve reuniões na Câmara Municipal que me foram ocultadas e hoje percebe-se porquê. Eu nunca tive conhecimento. Demonstra claramente que já havia uma agenda. Eu soube disto por um amigo meu. Ele [Francisco Rodrigues] era uma pessoa que tinha obrigação de captar empresas. É uma pessoa que não quer bem ao concelho. Nem tem moral para se apresentar agora como candidato”, acusou José Carlos Alexandrino.
A comprovar tal situação, o empresário Vasco Lopes contou que “na altura [fevereiro de 2020]” contactou a Câmara Municipal “para saber informações acerca da zona industrial e do eventual interesse da Câmara em ajudar e apoiar o projeto”. “Não tive resposta. Tive uma ou duas reuniões e a seguir os contactos ficaram bloqueados. Não houve andamento por parte dessa pessoa que me recebeu”, explicou.
Na sessão de apresentação das empresas, marcou presença Álvaro Herdade que pretende fixar também naqueles terrenos a sua empresa de queijo de cabra “Quinta da Rigueira” que, neste momento, está em Meruge, mas não tem instalações próprias. A acompanhar a cerimónia estiveram os vereadores do Município José Francisco Rolo e Graça Silva, assim como Jorge Brandão, em representação da CCDR Centro.