Na declaração que ontem fez ao país, o Presidente da República avisou que o que fizermos todos até março determinará o que vai ser a primavera, o verão e, talvez, o outono. Marcelo Rebelo de Sousa assinou o decreto do 10.º Estado de Emergência que vigorará no país entre o dia 31 de janeiro e o dia 14 de fevereiro.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou, ontem, que “vivemos, de longe, o período mais difícil da pandemia que dura há quase 11 meses”.
O Presidente sublinhou que “temos dos números mais elevados da Europa” e que a “variante inglesa surgiu e se propagou vertiginosamente”, correspondendo já a mais de 50% dos casos em áreas como a Grande Lisboa. A pressão nas estruturas de saúde, sobretudo na zona de Lisboa, “é extrema”, disse.
“O número de mortos cresce a ritmo há meses inimaginável e, com ele, cresce a perigosa insensibilidade à vida e à morte, mesmo de familiares, amigos, vizinhos e companheiros”, destacou o chefe de Estado, alertando que “com essa insensibilidade crescem ainda a negação do vírus, a sua gravidade, a negação da necessidade do Estado de Emergência e até do confinamento”.
Mas, vincou Marcelo, “nenhuma dessas negações resolve a multiplicação dos mortos, as esperas infindáveis por internamentos, o sufoco dos cuidados intensivos, o sofrimento dos doentes Covid e não Covid”.
O que “verdadeiramente importa nestes momentos mais difíceis e mesmo mais dramáticos”, realçou o Presidente, é “não perder a linha de rumo, não perder a determinação, não perder a capacidade de resistir, de melhorar e de agir”.
“Temos de ser mais estritos, mais rigorosos, mais firmes no que fizermos e do que não fizermos”, sustentou o Presidente, pedindo à população para que fique em casa, saindo só se for imprescindível e “com total proteção pessoal e social”.
“Só assim será efetivamente viável estar atento e rastrear os possíveis infetados, diminuindo a disseminação do vírus” (Marcelo Rebelo de Sousa)
O Presidente Marcelo referiu-se também à vacinação, afirmando que “temos de continuar a vacinar sempre, melhor e ainda mais depressa, sem criar especulações que nos enfraqueçam”, esclarecendo ainda sobre a polémica dos últimos dois dias que: “Ninguém de bom senso quereria fazer passar centenas ou um milhar de titulares de cargos políticos ou funcionários, por muito importantes que fossem, à frente de milhares de idosos com as doenças mais graves e de mais óbvia prioridade”.
Neste sentido, o chefe de Estado quis ainda deixar claro que “temos de estar preparados para o confinamento e ensino à distância mais duradouros do que se pensava antes desta escalada”.
“Temos de, na medida do necessário, usar o controlo de fronteiras na entrada e na saída (…) Temos de esgotar todas as hipóteses na capacidade de respostas (…) Não vale a pena esconder a realidade, fazer de conta, iludir a situação que (…) é mesmo a pior que vivemos desde março do ano passado”.
“O que fizermos todos até março determinará o que vão ser a primavera, o verão e quem sabe se o outono. E joga-se tudo nas próximas semanas, até março, inclusive” (Marcelo Rebelo de Sousa)
Sublinhando que Portugal está a prevenir o surgimento de outras vagas de outros continentes, Marcelo salientou que “sabemos todos que o custo brutal das medidas mais duras é, de longe, muito inferior ao custo em vida, saúde, economia e sociedades destruídas por uma pandemia que vá até outubro deste ano”. “Temos”, por isso mesmo, de “travar a escalada em curso”, reforçou, dizendo aos portugueses que ainda vamos a tempo.
“Este é o tempo de fazermos todos mais e melhor” (Marcelo Rebelo de Sousa)
O Parlamento aprovou esta quinta-feira a renovação do Estado de Emergência até 14 de fevereiro para permitir medidas de contenção da Covid-19. Este é já o décimo diploma do Estado de Emergência que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, submete ao Parlamento no atual contexto de pandemia de Covid-19.
O diploma, que se aplica ao período entre 31 de janeiro e 14 de fevereiro, permite proibir ou limitar as aulas presenciais, restringir a circulação internacional e mobilizar profissionais de saúde reformados, reservistas ou formados no estrangeiro.
com:noticiasaominuto.com