São já 103 anos. Mais de um século a estar “na linha da frente” no socorro e proteção de uma comunidade. Esta foi a mensagem transmitida nas comemorações do 103º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital (AHBVOH), que se realizaram este domingo (23).
O programa comemorativo começou, como é habitual, com as promoções, condecorações, desfile apeado e motorizado. Seguiu-se a sessão solene, onde não faltaram as críticas ao poder central.

Emídio Camacho, comandante da corporação, fez questão de enaltecer quem tem “servido a comunidade” ao longo dos anos. Dirigiu-se de modo particular aos bombeiros, escolinha e fanfarra que “são a alma desta casa”. É com “espírito de sacrifício” que já se somam 103 anos e que se continua a “honrar esta associação”. Na ocasião, o comandante reforçou a necessidade de assegurar “um plano de reequipamento, de financiamento e um plano estrutural de incentivo ao voluntariado”.
“Gratidão, respeito e esperança” foram as palavras-chave proferidas por Maria José Freixinho para caracterizar o papel dos bombeiros. Para a presidente da Assembleia Geral da AHBVOH, os homens e mulheres que se dedicam 24 horas por dia ao longo dos 365 dias do ano são “uma âncora na sociedade”. “Trabalham arduamente em prol dos outros e isso deve-nos inspirar”, afirmou.
Naquele que foi o seu primeiro ato público enquanto presidente da Federação Distrital de Bombeiros, Luís Sousa considerou que estas comemorações servem para “lembrar o passado, celebrar o presente e sonhar com o futuro”. Na opinião do responsável, “os Bombeiros de Oliveira do Hospital têm sido um pilar fundamental na comunidade do concelho e do distrito pelo trabalho incansável no socorro à população”. Destacou mesmo o “espírito altruísta” desta corporação em particular.
Para Carlos Luís Tavares, Comandante Sub-Regional de Coimbra, este foi “um dia especial para todos os oliveirenses que certamente têm muito orgulho nesta instituição”. No entender do comandante distrital, o “crescimento desta associação é notável”, também fruto da “excelência e rigor” da direção e do comando.
As críticas ao Estado e à Unidade Local de Saúde de Coimbra
Nas comemorações do aniversário dos BVOH não faltaram as críticas ao Estado e, em particular, à Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra. A constatar que “os desafios são diários”, mas que no entanto a corporação dá “uma resposta eficaz às inúmeras ocorrências”, Arménio Tavares lamentou a “conduta” da ULS. Segundo o presidente da AHBVOH, a estrutura peca pelo pagamento tardio à corporação, devendo cerca de 200 mil euros à mesma, sendo que “mais de metade é referente ao ano de 2024”. Por outro lado, não são essas questões que colocam em causa o bom desempenho desta “casa”. O presidente avançou que as equipas profissionais foram “reforçadas”, representando “um custo direto” à direção de 1400 euros por fim-de-semana. “É um ato de cidadania”, frisou Arménio Tavares.
A sublinhar que “é fundamental continuar a investir nas corporações”, Luís Sousa lamentou o atraso no pagamento dos serviços por parte da ULS que “afeta a capacidade financeira” das Associações Humanitárias. De acordo com o presidente da Federação Distrital de Bombeiros, a entidade de saúde tem atualmente uma dívida de três milhões de euros com a região de Coimbra. Relativamente ao Estado, questionou como é possível um Orçamento de Estado ter alocado apenas 35 milhões de euros a 437 Associações. “Não sei que contas fazem”, afirmou, dirigindo uma palavra de apreço às autarquias locais que vão “salvaguardando o apoio aos bombeiros”.
Opinião partilhada por Fernando Farreca da Liga dos Bombeiros Portugueses. “As ULS têm dinheiro e têm que entregar a quem de direito”, sublinhou. Na ocasião, Fernando Farreca considerou ainda ser “uma vergonha que cada um ande fardado à sua maneira”, pois as questões dos fardamentos estão “paradas na Secretaria de Estado”. O responsável alertou também para a necessidade de fixar bombeiros no interior e, para isso, são precisos mais apoios, nomeadamente nos estatutos. “Temos que tornar estas casas sustentáveis”, defendeu.
Município investe anualmente 225 mil euros nas corporações
Orgulhoso por “ter” duas corporações de bombeiros no Município que preside, José Francisco Rolo destaca os homens e mulheres que “estão sempre na linha da frente a proteger pessoas e bens”. “São 103 anos, mais de um século de entrega”, afirmou, enaltecendo o papel de quem “coloca em risco a própria vida” em prol do outro.
No entender do autarca oliveirense, “o papel dos bombeiros será cada vez mais complexo” devido às “alterações climáticas”. Assim, torna-se determinante “investimento financeiro” para que as corporações “tenham os meios necessários para as suas missões”. José Francisco Rolo adiantou que o Município de Oliveira do Hospital “é um dos poucos do país que conta com seis Equipas de Intervenção Permanente”. Anualmente, a autarquia investe 225 mil euros na corporação oliveirense e na corporação de Lagares da Beira. Desde 2021, ano em que ficou responsável pelos destinos do concelho, o executivo já apoiou as duas associações com 1,2 milhões de euros.
Nas comemorações do 103º aniversário da AHBVOH, Rolo avançou que o Município vai oferecer duas viaturas de combate a incêndios às duas corporações e ao serviço de Proteção Civil Municipal.
José Francisco Rolo congratula-se também por Oliveira do Hospital ser “um dos Municípios no país com mais Áreas Integradas de Gestão de Paisagem financiadas”. Adiantou ainda que “já foram implementados seis Condomínios de Aldeia, estão mais cinco aprovados e 11 candidatados”. Trata-se de um investimento de 900 mil euros. Relativamente ao programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras, o objetivo é “multiplicar” por várias localidades pois “é um ganho evidente na proteção das pessoas”.
Quanto às queixas relativas ao atraso de pagamento por parte da ULS Coimbra, Rolo disponibilizou-se para “estabelecer pontes” para que o assunto seja resolvido com a maior brevidade.
Prémio Manuel dos Santos Gouveia Serra: Ana Laura Corvalan Nunes (Bombeira de 3ª).

Desfile apeado e motorizado: