Os vereadores da Coligação PSD/ CDS-PP abandonaram, esta manhã, a reunião pública do executivo municipal após os ânimos se exaltarem.
“Podia haver dois agrupamentos, mas por escolha do Município só há um”. Foi esta afirmação do vereador Rui Fernandes que esteve na origem da discussão, sobre a qual Graça Silva questionou.“Escolha do Município?, repetiu surpreendida, considerando que “é muito grave o que acabaram de dizer”. Rui Fernandes logo respondeu “Sim, porque não quiseram tomar uma opção. Preferiram não deixar e depois só tiveram um”.
Sobre o assunto, o presidente do Município afirmou que, “na altura, foi uma imposição de um Governo”. “Querem agora desenterrar esse facto”, questionou? “Não queremos desenterrar, mas podemos discutir quando quiserem”, respondeu Rui Fernandes.
Inquieta, Graça Silva perguntou se era “uma afirmação de todos os vereadores” [da oposição], uma vez que “têm um elemento da área da educação e é preciso ter consciência de que o que acabaram de dizer é grave”.
“Toda a gente sabe que a criação do mega agrupamento foi uma imposição do Ministério da Educação ao território de Oliveira do Hospital e a outros. São factos”, interpelou, pedindo que se desse por encerrado o assunto.
“Admiradíssima com este tipo de afirmação”, a vereadora da Educação pediu permissão ao presidente do Município para “perguntar se a vereadora Sandra Fidalgo corrobora” com a mesma. Rui Fernandes logo pediu para “explicar o porquê de o ter dito”, mostrando-se disponível para “apresentar os factos”, referindo que “houve efetivamente uma hipótese de poderem fazer dois agrupamentos” e que, “na altura, foi opção do Município …”
“Foi imposto pela DGEstE”, rapidamente afirmou o vereador Nuno Ribeiro. “Não mistifique. O mega agrupamento foi imposto pela tutela, fechando-se quatro agrupamentos, impondo um mega agrupamento com três mil alunos”, acrescentou José Francisco Rolo, questionando “querem agora reescrever a história?”. “Não vale a pena. Vamos passar à frente”, rematou.
Em resposta à vereadora da Educação, Sandra Fidalgo afirmou que “houve um momento de negociação e um momento de imposição”. “Foi possível ao concelho negociar a questão dos agrupamentos. Nós tomámos todos, em uníssono, uma posição de que eramos contra a criação dos mega agrupamentos e que não íamos negociar. Tal como hoje, com a transferência de competências, levámos até ao limite que nos é possível negociar e tentar resistir. Sugerimos a criação de dois agrupamentos, mas o Ministério da Educação não nos deu essa hipótese e foi-nos imposto o mega agrupamento”, explicou.
“Mas acusou-se a Câmara Municipal de uma coisa sobre a qual não tem qualquer responsabilidade”, logo afirmou José Francisco Rolo.
Graça Silva recordou que, na altura, “foram recolhidas assinaturas” para travar a decisão do Governo e que “nunca houve a possibilidade de haver dois agrupamentos”. “Não é a Câmara Municipal que decide se são dois ou três”, afirmou, sublinhando que “não foi dado tempo para reverter a situação”. “Foi isso que aconteceu. Não digam mentiras”, rematou.
Depois de o presidente da autarquia tentar, novamente, prosseguir com os trabalhos da reunião, Rui Fernandes solicitou o “direito de resposta”, mas o autarca quis “dar o assunto por encerrado”.
“Não posso aceitar isso. Se o senhor [presidente] quer ter esse registo, eu não me poder defender, não estou aqui a fazer nada. O senhor [presidente] não saber dirigir os trabalhos”, afirmou, acabando por abandonar o Salão Nobre.
“O senhor vereador faz aquilo que entender”, respondeu José Francisco Rolo.
Os restantes vereadores da oposição, incluindo Francisco Rodrigues, associaram-se à tomada de decisão de Rui Fernandes e também acabaram por sair. “Não havia necessidade disto”, frisou Sandra Fidalgo.