O Município de Seia, através da sua Biblioteca Municipal, promove durante o mês de janeiro vários momentos evocativos da vida e obra do artista e escritor senense Avelino Cunhal.
Segundo nota enviada à Rádio Boa Nova, o primeiro momento integra a Exposição Itinerante “16 Bibliotecas, 16 Autores”, que apresenta Avelino Cunhal no universo das bibliotecas da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), patente na praça do Município, de 15 de janeiro a 5 de fevereiro.
A exposição itinerante é organizada pela Rede de Bibliotecas Escolares da CIMBSE, teve início em maio de 2021 e percorre todos os concelhos da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela até ao verão de 2022.
Em memória do senense, pai de Álvaro Cunhal, e pela relevância cultural e informativa, o Município vai reeditar o livro “Senalonga”, obra escrita por Avelino Cunhal, com ilustrações de Miguel Flávio.
O Senalonga: pequenas histórias de uma vila em 1900 editado em 1965. O romance, de estilo satírico, merece atenta análise pelo novo que essa escrita imprime na desmontagem de uma realidade rural, que era tudo menos plácida e ingénua.
A mordacidade cósmica da escrita de Avelino Cunhal denuncia em Senalonga, com desarmante humor, os peralvilhos, os oportunistas e os demagogos de todos os quilates. O conto sobre a inauguração de um urinol público é paradigma dessa argúcia.
A reedição do livro é apresentada no dia 22 de janeiro (às 16h), a que se seguirá a abertura da exposição “Avelino Cunhal, um Artista do Neorealismo”, aberta ao público na Biblioteca Municipal de Seia até 1 de março.
No fim do mês, a 29 de janeiro, o CISE – Centro de Interpretação da Serra da Estrela acolhe as II Jornadas da Associação Patrimónios da Estrela, que serão dedicadas a Avelino Cunhal.
Avelino Henriques da Costa Cunhal nasceu em Seia, a 28 de outubro de 1887, e faleceu em Lisboa, a 19 de fevereiro de 1966. Formou-se em Direito, foi Administrador do Concelho de Seia (1917) e Governador Civil do distrito da Guarda (1922). Em 1924 foi para Lisboa, onde exerceu advocacia, destacando-se como advogado nos tribunais fascistas na defesa de inúmeros presos políticos, acusados pela ditadura de crimes de subversão contra o regime. Foi colaborador das revistas Vértice, Seara Nova e O Diabo. Foi, ainda, dramaturgo, tendo escrito várias peças neorrealistas, sob o pseudónimo de Pedro Serôdio. Os seus trabalhos tinham claras intenções de intervenção social, pelo que foram alvo de censura, por vezes com a própria detenção do autor.