“Quando eu era miúdo” é a nova rubrica que pretende explorar as memórias de infância de várias gerações. Quais os desenhos animados que mais via? Qual é a brincadeira de criança de que mais tem saudade? Qual era o seu brinquedo favorito?
“Quando eu era miúdo” é então uma conversa repleta de memória e saudade, de carinho e graça, numa procura por respostas sobre a infância de tão distintas gerações. Para ouvir na Rádio Boa Nova à terça-feira às 16h15, à quinta-feira às 08h30 e à sexta-feira às 21h00.
Nesta terceira semana, João Dias, vendedor, de 45 anos.
Lembra-se do 1º desenho-animado que viu? Ou o desenho-animado que mais lhe ficou na memória?
Mais na memória foi o Tom Sawyer.
Comecei a ver por volta dos sete, oito anos. Não era fácil naquela altura, o meu pai não tinha televisão, nem luz tinha. Eu ia todos os dias, ao fim do dia, a casa de uma tia minha, onde ela tinha a televisão.
Qual é a brincadeira que tinha em criança de que mais tem saudade?
Do que tenho mais saudades é jogar à bilharda. A gente divertia-se e havia sempre uma disputa entre nós.
Tenho saudade de ver a fazer. Acho que foi uma coisa que se perdeu completamente.
Quem diz isso, diz jogar ao berlinde, jogar às capelas, eu jogava muita vez a isso. E no entanto, tudo isso se perdeu.
Qual era o seu brinquedo favorito?
As fisgas, um carrinho pequenino.
Eu lembro-me tanta vez, andávamos onde está o parque dos miúdos, nós iamos para lá, fazíamos lá estradas. Apenas um carrinho pequenino, do tamanho, pouco maior que o comprimento de um dedo, nós divertíamo-nos com isso.
Qual é a publicidade que passava na televisão ou na rádio que não lhe sai da cabeça desde a sua infância?
Eu lembro-me muita vez dos rebuçados da tosse do Doutor Bayard. Quem diz isso, diz outros, como o Atum Bom Petisco, na altura.
Era publicidade diferente da que é agora.
Qual foi a maior tramóia que arranjou quando era criança?
Ui, fizémos tantas que eu nem sei!
A maior tramoia que fizemos, sei lá, pôr uns pisões.
A gente ia durante a noite, não era roubar, mas íamos à fruta.
Houve uma altura que me ficou sempre, sempre, sempre na memória… Havia uma senhora ali debaixo da escola, ela tinha uma cerejeira enorme. Debaixo da cerejeira ela semeava centeio. O centeio antigamente levava uns carreirozinhos de um lado e do outro. Então a gente foi um dia às cerejas, e nós iamos sempre pelo carreirozinho. Um dia nós estamos em cima da cerejeira e ela aparece! Nós até esse dia, até ela aparecer, nunca estragámos o centeio. Descemos cá para baixo (nesse dia), era um para cada lado! O centeio ficou todo deitado!
Rita Tavares (Jornalista Estagiária)