Paula Lameiras e Sílvia Santos, do concelho de Oliveira do Hospital, foram contempladas com o Vale Pastor, no âmbito do Programa de Valorização da Fileira do Queijo da Região Centro, liderado pela Inovcluster.
Nesta segunda edição do programa, oito empreendedores ligados à produção de leite para queijos DOP da Serra da Estrela e da Beira Baixa foram premiados com cinco mil euros, no valor total de 40 mil euros. A cerimónia de entrega de prémios decorreu esta sexta-feira, na sede da ANCOSE, em Oliveira do Hospital, com a presença de Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial.
Tendo como entidades promotoras as Comunidades Intermunicipais da Região de Coimbra, Beira Baixa, Beiras e Serra da Estrela e Viseu Dão Lafões, o programa tem como objetivo “ajudar ao incremento da produção de leite e queijo nas Regiões DOP da Beira Baixa, Rabaçal e Serra da Estrela, com vista à sua valorização”. Assim, a Inovcluster atribui um prémio monetário “a empreendedores já instalados ou que queiram instalar-se na atividade da agropastorícia para produção de leite e seu fornecimento a queijarias que produzam queijos com DOP” e que concluíram com sucesso a 2ª edição da ação formativa “Escola de Pastores”.
Para Patrícia Coelho, presidente da Inovcluster, a Escola de Pastores “tem sido um importante instrumento de qualificação que contribui para a valorização económica da fileira dos queijos DOP da Região Centro, pelo reforço e perpetuação desta profissão, mas também pela promoção, inovação, valorização e aumento da sua competitividade”. Na ocasião, adiantou que o projeto foi financiado em 85% com 2 milhões e 480 mil Euros, através da CCDR Centro. De acordo com a responsável, a seguem-se, a breve prazo, momentos importantes como o “lançamento público do registo das marcas DOP das três regiões centro, mostras junto dos consumidores e um congresso para divulgação dos produtos”. Por fim, garantiu que a entidade que preside está “pronta para abraçar o projeto 2.0”, depois do sucesso das edições anteriores.
Manuel Marques, presidente da ANCOSE, que viu a sua “casa” ser palco de entrega dos respetivos prémios começou por “agradecer à ministra Ana Abrunhosa pelo que faz pela região”. Considerando-se “representante dos pastores”, Manuel Marques sublinhou que “o projeto começou em boa hora” para apoiar a atividade que tão “dignifica a região”.
Disso não tem dúvidas Ana Abrunhosa que logo afirmou que “estes setores tradicionais são muito importantes” até porque “vão resistindo com o passar do tempo”. “Sinto uma grande responsabilidade neste projeto”, começou por dizer a ministra da Coesão Territorial, acrescentando que “a região centro é a única região com projetos desta dimensão”. A ministra destacou o “empreendedorismo” ligado a este setor que tem cada vez “mais técnica”, aliando “o tradicional ao conhecimento”. Garantindo que leva “as vozes e as preocupações” dos pastores ao Conselho de Ministros, a responsável pretende que estes programas “sirvam para manter os territórios ocupados, fixar pessoas e rejuvenescer a classe”. A governante, que se assumiu como “neta de pastores”, frisou que “não faltarão recursos para estes projetos” e que o “compromisso do Governo passa por “melhorar a qualidade de vida daqueles que servem”.
O presidente do Município anfitrião da cerimónia dos prémios, José Francisco Rolo, considerou que “estes incentivos estão no caminho certo neste território empreendedor”. O autarca de Oliveira do Hospital sublinhou que esta atividade “precisa de gente, de mais pastores e queijeiras” e, por isso, “este programa de valorização da fileira é de extrema importância”. José Francisco Rolo enalteceu o trabalho dos profissionais do setor que “trabalham sete dias por semana e sem férias”, promovendo um “território ativo, com património e identidade”. De acordo com o autarca, o setor acaba por ser um “complemento” do turismo quando se “associa a produção de queijo à visitação”. “Precisamos de novos pastores e queijeiras. Somos capazes, temos potencial, temos produtos de qualidade. Este é um setor de futuro. E para haver um futuro sustentável, é preciso manter a atividade agropecuária ativa”, concluiu.
Por sua vez, Emílio Torrão, presidente da CIM de Coimbra, frisou que a região “não pode perder nenhum queijo” e, por isso, “é preciso as entidades continuarem unidas neste desígnio”. Na ocasião, apelou “a políticas de apoio aos territórios do interior que são genuínos e têm produtos de excelência”. Destacou a implementação da “Escola de Pastores” que “fomenta a atividade e atrai mais jovens”. “Estes produtos fazem de Portugal um país único. Juntos podemos chegar mais longe. Contem com a CIM de Coimbra para continuar a apoiar esta atividade e estes produtores”, afirmou.
Da parte da CCDR do Centro, Jorge Brandão começou por considerar que o Programa Operacional Centro 2020 permite “olhar para estes recursos e perceber de que forma se podem tornar mais competitivos e inovadores”. De olhos postos no futuro, que passam pelos “desafios da transição digital e climática”, Jorge Brandão apela às entidades que continuem unidas “para valorizar este setor”. Destacou o papel dos Politécnicos na “parte tecnológica” para inovar este ramo profissional.
Refira-se que a 1ª edição dos prémios Vale Pastor, que aconteceu em 2021, atribuiu 15 vales no valor total de 75 mil euros. Este ano, os vencedores foram: Ana Paula Lameiras, Sílvia Santos, Anabela Machado, António Givelho, Jorge Esteves, Pedro Conceição, Carina Ribeiro e Gonçalo Branco.