“Foi a 22 de novembro de 2020 que se jogou pela última vez na Divisão de Honra do Campeonato Distrital de Coimbra. Desde essa data que as informações recebidas pelos clubes são apenas desoladores comunicados informando adiamentos de jogos. Como estão, afinal, os clubes não-profissionais a sobreviver a esta pandemia que fez parar o mundo?
Passados três meses e a atravessar mais um confinamento geral, é a incerteza quanto ao regresso à atividade que reina no seio destes clubes. O impacto social e financeiro desta pandemia coloca em causa a sobrevivência destes clubes cujos adeptos mais próximos usam como um “escape” a todo o stress semanal proveniente das suas atividades laborais. Para estes, ir à bola ao domingo à tarde é mais do que ver um jogo de futebol. É, para muitos, a única oportunidade na semana de conviver com amigos a disfrutar de conversas relaxadas recarregando energias para a semana de trabalho que se inicia no dia seguinte.
A sustentabilidade dos clubes fica fragilizada numa altura em que certos compromissos financeiros têm de ser cumpridos e as receitas são inexistentes. Em muitos clubes, a solução para garantir a sua sustentabilidade passa pela redução da despesa através de acordos mútuos e o abdicar de salários neste período de inatividade, de forma a garantir condições para a continuidade da atividade no momento da sua retoma.
A incerteza reinante nos clubes é acompanhada pela esperança num regresso atempado do desporto não-profissional, embora esta se desvaneça a cada dia que passa.
A exclusão do desporto não-profissional no PRR demonstra o desinteresse e a discriminação do Governo para com todos os agentes desportivos não-profissionais e as instituições que representam privando este setor de um desenvolvimento e um reerguer necessário após o impacto negativo já visível para todos”.
João Martins
Oliveira do Hospital