No supermercado da Cooperativa da Beira Central, em Oliveira do Hospital, as últimas semanas têm sido de constante adaptação ao Estado de Emergência…
… a que o Covid-19 obrigou o país desde o dia 15 de março.
Quando a todos é pedido para ficar em casa, na Cooperativa da Beira Central mantém-se ativo o plano de contingência para que o supermercado, que é uma referência no concelho de Oliveira do Hospital, se mantenha de portas abertas e em segurança, assim como as lojas agrícolas de Oliveira do Hospital e Arganil.
O Estado de Emergência já foi renovado e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já disse que é sua vontade que se prolongue até ao início do mês de maio. Maria da Guia, gestora da Cooperativa, contou à Rádio Boa Nova que, “o dia a dia não tem sido fácil”. Mas, também logo se apressou a lembrar que a Cooperativa tem “um papel social na comunidade”. “Ajustámo-nos”, contou ontem à tarde em direto, via Skype.
Recordou que “na primeira semana de março” quando convocados pelo Município para uma reunião “no dia 9”, a Cooperativa ativou “no dia seguinte o plano de contingência”. “Primeiro a proteção dos funcionários no supermercado e lojas agrícolas: o desinfetante (de mãos) e desinfetante de superfícies. Foi logo das primeiras medidas e criação da sala de isolamento. Nessa semana ainda continuámos com horário normal, das 09h00 às 20h00”.
“Com o plano de emergência ajustámos o horário. A partir do dia 15 de março reduzimos o horário para as 18h (09h- 18h00)”, continuou a gestora, referindo que também foi opção encerrar o espaço ao domingo. “Fazemos várias vezes, ao longo do dia, desinfeções de superfície nas caixas e na loja, nos puxadores e onde as pessoas colocam mais as mãos. Contratámos um segurança para o controlo das entradas”, acrescentou Maria da Guia.
À Rádio Boa Nova destacou a preocupação com o número de clientes em loja. “Com a nossa área comercial poderíamos ir até aos 30 clientes, mas as pessoas concentram-se muito na zona dos bens essenciais junto ao talho e charcutaria. 15 a 20 pessoas é o suficiente. No início não foi muito fácil. Agora, as pessoas estão mais sensibilizadas”, referiu, notando que também na semana da Páscoa se verificou uma maior afluência de pessoas ao supermercado.
Os colaboradores do supermercado da Cooperativa estão, por esta altura, divididos em duas equipas. “Uma de manhã, outra de tarde. Para evitar o contágio e para minorar o stress do dia a dia. Nunca ninguém, se recusou a trabalhar. Temos pessoas em casa por terem filhos (em idade escolar)”, contou.
No supermercado, as medidas de proteção passaram também pela colocação de divisórias em acrílico nas caixas. Aos colaboradores são fornecidas “máscaras e viseiras”. “Alguns preferem a viseira. Só quero que eles se sintam mais protegidos”, disse.
Em pleno Estado de Emergência, Maria da Guia não perspetiva a falta de mercadoria para o supermercado. “Quando houve a correria (inicial) tivemos prateleiras vazias de massas, arroz e farinhas. Da parte dos fornecedores não temos a informação de que irá faltar mercadoria. Na semana passada tivemos receio da farinha. Houve muita procura para os doces ou para fazer pão em casa, mas conseguimos ter mercadoria. Pode haver um ou outro produto que possa demorar mais. Mas, temos tido quase tudo aquilo que o cliente quer”, tranquilizou a gestora.
“Temos pedido às pessoas para colaborarem nesse sentido. É bom que colaborem. A Cooperativa tem um papel na comunidade e está cá para ajudar”
Num cenário de pandemia da Covid-19 é pedido a todos para que fiquem em casa, e de modo particular aos mais velhos. Maria da Guia verificou, porém, que “nas primeiras semanas, os idosos continuavam a vir”. O fecho do bar “foi uma medida boa”, porque até então “os clientes continuavam a vir porque diziam que era uma maneira de saírem de casa”. “O segurança (que não é de cá) dizia que que havia pessoas a vir três vezes por dia”, contou à Rádio Boa Nova. Mantém-se o hábito de o casal de idosos se deslocar ao supermercado. “Pedimos para entrar só um, mas percebemos que um quer ajudar o outro e, por vezes, deixamos que aconteça”, referiu. No interior do supermercado, Maria da Guia notou também que “há dificuldade de as pessoas deixarem um ou dois metros entre elas” na zona das caixas.
“Nas lojas agrícolas, ponderámos as posições a tomar. Pelo número de pessoas não era fácil fazer equipas. Temos quatro pessoas em cada loja. Têm feito horário normal. Fecham à hora de almoço”, contou a gestora, referindo que também naqueles espaços há limite ao número de pessoas em loja. Também foram colocadas divisórias em acrílico e sinalética no chão com espaçamento. “Temos pedido às pessoas para colaborarem nesse sentido. É bom que colaborem. A Cooperativa tem um papel na comunidade e está cá para ajudar”, sublinhou.
O momento atual é de acentuada quebra na economia do país e do mundo. “É óbvio que tendo em conta a nossa atividade, vamos notar uma diferença. Mas esperamos conseguir superar esta situação. A Cooperativa tem condições para superar estes meses”, concluiu com confiança a conhecida gestora.