A antiga costureira de Amália Rodrigues, Ilda Aleixo, morreu esta terça-feira, aos 100 anos, em Oliveira do Hospital, na Sant’Ana – Residência Sénior. Morreu com uma insuficiência cardíaca.
Ilda da Graça dos Santos Aleixo entrou na Sant´Ana – Residência Sénior a 8 de fevereiro de 2018. Em abril deste ano caiu durante a noite e partiu o colo do fémur. Foi operada no hospital de Coimbra, mas acabou por ser transferida para o Hospital dos Covões para convalescença. Aí o seu estado clínico agravou-se. Em maio regressou à residência sénior, mas nunca aceitou bem as limitações a que ficou sujeita pelo facto de ficar acamada e em total dependência.
Recorde-se que, a 8 de março, a propósito da comemoração do Dia Internacional da Mulher, a Rádio Boa Nova entrevistou Ilda Aleixo. Ilda Aleixo considerou que a existência desta efeméride “vale a pena” para reforçar a importância do papel da mulher na sociedade.
Foi na década de 70 que Ilda começou a trabalhar com a fadista, de quem se tornou amiga.
Ilda Aleixo comemorou recentemente, em 6 de março, os 100 anos, numa festa reservada no lar onde se encontrava, em virtude dos cuidados a ter no âmbito da pandemia de covid-19.
De entre as memórias que não se apagaram com o tempo estão os momentos que partilhou com a fadista. Lembrava-se do dia em que Amália Rodrigues a convidou para ir viver consigo:
“Ela perguntou-me: ‘não era melhor vir cá para casa?’ Fui e lá fazia a roupa dela”, acrescentou.
Ao longo da carreira artística de Amália, Ilda Aleixo idealizou, desenhou e costurou muitos vestidos, fossem eles para serem exibidos numa ocasião especial ou num espetáculo em palco, quer fossem para simples uso no dia-a-dia.
Ilda ainda se lembrava de um vestido que fez. Na conversa com a Lusa lamentou que aquele que considerava ter sido o mais bonito que fez para Amália nunca tenha sido usado em público: “Amália até gostou muito do vestido, mas acabou por nunca ter saído com ele”.
Nesta entrevista, Ilda Aleixo recordou que a sua paixão pela moda começou quando era muito nova. “Em pequena, tinha a mania de fazer vestidos para as bonecas. Eu fazia e não fazia nada”, afirmava, sorrindo ao recordar-se destas memórias mais antigas.
Recordava também o momento em que conseguiu trabalho num ateliê de alta-costura, onde mais tarde chegou a ser mestre.
O segredo para chegar aos 100 anos atribuiu ao que comia.
“Sempre tive muito cuidado com aquilo que comia. Embora goste do cheiro do café, não bebo. Nem café, nem leite. Só bebo chá”, revelou.
Com: Lusa