A doença coronária “é uma das principais causas de morte em Portugal” e o caminho passa pela prevenção e correção de comportamentos de risco. O alerta é partilhado na Rádio Boa Nova por Fátima Franco, médica Cardiologista do Hospital da Fundação Aurélio Amaro Diniz (FAAD) e responsável pela Unidade de Insuficiência Cardíaca do centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
A propósito do Dia Nacional do Doente Coronário que hoje, dia 14 de fevereiro, se assinala, a especialista disse, em entrevista à Rádio Boa Nova, que é importante falar da Doença Coronária porque “pelo menos dois terços a três quartos (dos casos) conseguimos prevenir só com alterações do comportamento”. “Vale a pena as pessoas entenderem que é um investimento que têm que fazer na sua saúde e que têm que corrigir fatores de risco”, defendeu, dando o exemplo da arteriosclerose que “é um processo que se desenvolve ao longo de décadas”.
Na opinião da especialista a prevenção cardiovascular “deve começar nas crianças, que devem começar a ser educadas sobre o que é a saúde e, em relação à saúde cardiovascular, o que é que devem fazer para a preservar”
Os números são preocupantes: “são cerca de 12 mil casos de enfarte do miocárdio por ano e, todos os dias, morrem cerca de 12 a 13 portugueses por dia com enfarte. Cerca de um terço dos casos são mortais, é morte súbita, logo no primeiro evento”, informou a especialista, defendendo que “vale a pena mesmo investir na prevenção”.
Fátima Franco aponta “a obesidade e o sedentarismo” como “fatores de risco em crescendo no nosso país e que temos que combater”, a que se juntam “a má alimentação e o tabagismo”. A especialista reforça que “perder peso faz sempre bem em qualquer idade”, assim como é importante “controlar a tensão arterial, consultar o médico e perceber se o colesterol está bem, ou se está alto e precisa ser corrigido, ver se tem diabetes ou não, porque está muito associada à obesidade”. Sem esquecer “a atividade física” que “é fundamental e não só para a saúde cardiovascular”.
Na Rádio Boa Nova, a médica cardiologista adiantou que “a idade média do enfarte de miocárdio é de 69 anos”, mas alertou que “cada vez mais estão a aparecer pessoas mais jovens, não só com enfarte, mas também, por exemplo, com o AVC que é também outro evento vascular no território cerebral”. “Daí que seja tão importante focarmos a nossa atenção nas medidas de prevenção”, insistiu.
Nesta área “há muita evidência e há estudos que claramente mostram uma correlação muito forte e que nos dizem, que conseguimos diminuir em 75 a 80 por cento os eventos cardio e cérebro vasculares se controlarmos todos os fatores de risco”. A médica que aponta “a felicidade como um medicamento fantástico”, assegura aos seus utentes que “não é difícil saber viver com uma vida equilibrada sem excesso de peso, sem uma má alimentação”.
“Atualmente come-se excessivamente, come-se de mais. Segundo a Organização Mundial de Saúde morre-se mais por excesso de alimentação do que por falta dela, no século XXI”, notou.
Nas suas consultas, Fátima Franco usa a mnemónica “viver bem até aos 100”, mas tem por hábito dizer também: “ter atenção ao peso, seguir a dieta mediterrânica é uma excelente alimentação, não fumar, não beber em excesso, sendo que no caso dos doentes cardíacos o álcool não é amigo do coração”. Reforça ainda que “a inatividade física e o sedentarismo têm um risco vascular muito elevado”. “É preciso que as pessoas se mexam, pelo menos 30 minutos de caminhada por dia”.
Se o isolamento social é um fator de risco para todas as doenças, sobretudo para as do coração, “o ter amigos e o convívio é muito importante”. Fátima Franco aconselha a “usufruir da vida com moderação e combatendo os excessos e os comportamentos que levam ao desenvolvimento da arteriosclerose e da doença coronária, que culminam quer no enfarte, ou no AVC, que é a maior causa de morte e de incapacidade em Portugal, e o enfarte é logo a seguir”.