O presidente do Município de Oliveira do Hospital voltou hoje a acusar o seu antigo homem de confiança, na área das candidaturas a fundos comunitários, de “quebra de lealdade”. “Candidaturas, que nunca eram feitas anteriormente, são hoje feitas”, afirmou José Carlos Alexandrino a propósito do desempenho na autarquia, por parte do agora candidato pelo PSD/CDS-PP à Câmara oliveirense.
A “quebra de lealdade” por parte de Francisco Rodrigues, cujo nome não chegou a ser referenciado na reunião pública da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, realizada esta manhã, ecoou no Salão Nobre da autarquia depois de José Carlos Alexandrino fazer um reconhecimento ao trabalho desenvolvido, desde há nove meses, pela equipa multidisciplinar do desenvolvimento económico, ambiente e sustentabilidade, em funções na remodelação do gabinete das candidaturas, agora coordenado por Adriana Pimentel, e que possibilitou a execução de um investimento de 3,2 milhões de Euros, com financiamento de 2,4 milhões de Euros.
Em causa está “um conjunto de candidaturas que eram impossíveis no passado”, considerando o autarca oliveirense não ter sido inteligente da sua parte ficar “dependente de uma só pessoa”, numa alusão a Francisco Rodrigues.
“Candidaturas, que nunca eram feitas anteriormente, são hoje feitas”, dando como exemplo o projeto das “Comunidades Energéticas”, que visam a “criação de energias alternativas para as zonas industriais”. “Neste final de mandato, estamos a trabalhar com muito entusiamo e vamos trabalhar noutros projetos do Plano de Recuperação e Resiliência”, afirmou José Carlos Alexandrino que, esta, manhã também confirmou a requalificação do Estaleiro Municipal, num investimento de cerca de um milhão de Euros, com financiamento na ordem dos 600 mil Euros.
“Isto faz parte do partido que eu defendi. O que aqui ouvi é de uma gravidade que tem que ser analisada”
A intervenção levou o vereador do PSD, João Paulo Albuquerque, a mostrar-se feliz pelos investimentos anunciados, mas também triste por perceber que houve “ entraves ou entardecimento” no processo de candidaturas a fundos comunitários. “Isto faz parte do partido que eu defendi. O que aqui ouvi é de uma gravidade que tem que ser analisada”, referiu o social-democrata, considerando que é “bom para o concelho que as pessoas se retratem e que demonstrem o que se passou”. “Acho que as pessoas devem vir a terreiro e mostrar o que se passa ou se deixa de passar. Como faz parte do meu partido, isto entristece-me”, insistiu João Paulo Albuquerque.
José Carlos Alexandrino logo reagiu, afirmando que “quando as pessoas estão num cargo e não têm a lealdade de comunicar, que há choques com aquilo que querem atingir no trabalho que desempenham, está tudo dito”. Para o autarca oliveirense, “o que era lógico, era que as pessoas comunicassem que têm objetivos e que não têm condições para estar em determinado cargo”. “Isso é que é lealdade”, continuou, reservando para a “altura própria” a revelação de “outros factos” que “são coisas para a campanha eleitoral”.
“Todas as pessoas têm direito a ser candidatos e, não há quebra de lealdade quando as pessoas são capazes de ser honestas e de dizer: a partir desta data, eu quero ser candidato e por isso não posso estar num cargo de confiança política”. Para Alexandrino “esse é que é o princípio da lealdade”. “As ambições de cada um são legítimas, mas há males que vêm por bem”, concluiu o autarca.