Os municípios deverão poder, a partir de novembro, candidatar-se a apoios para os trabalhos de estabilização de emergência nas áreas afetadas pelos incêndios, avançou hoje o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira.
“O mais tardar no início de novembro teremos condições para abrir os avisos”, afirmou Rui Ladeira aos jornalistas no final de uma visita aos trabalhos em curso no concelho de São Pedro do Sul, distrito de Viseu, em zonas das serras de São Macário e da Arada, promovida pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Segundo o secretário de Estado, o objetivo é que, depois de concluídos os relatórios técnicos do ICNF – o que deverá acontecer até ao final deste mês – “num curto espaço de tempo”, e tendo em conta “a dimensão e a tipologia de investimentos” necessários, estes trabalhos possam ser financiados a 100%, explicou.
“Temos uma linha no âmbito do PDR (Programa de Desenvolvimento Rural), a ser aberta de imediato com estes relatórios, que são a base técnica para poder candidatar às várias tipologias de investimento, para garantir esta estabilização de emergência de uma forma final, estruturada e em termos técnicos muito válida”, explicou.
Esta linha servirá também para garantir a manutenção das “espécies selvagens que estão espalhadas pela serra e que não foram impactadas pelos incêndios”, com a colocação de alimentadores, bebedouros e sementeiras, que já estão em curso.
“Sobretudo os nossos municípios são os principais interlocutores e que vão candidatar-se para executar estas obras, estes investimentos, de forma imediata”, frisou.
O antigo presidente da Câmara de Vouzela frisou a importância dos trabalhos de estabilização de emergência nas áreas afetadas pelos incêndios, como os que hoje pode testemunhar em São Pedro do Sul, e que considera “determinantes para o futuro”.
Duas centenas de pessoas estão “a trabalhar nestas faixas de contenção, seja em paliçada, seja na desobstrução das linhas de água”, para tentar que quer em aldeias como a da Pena, em São Pedro do Sul, quer nas zonas ribeirinhas, sejam minimizados os impactos do somatório da água das chuvas com a desagregação dos terrenos queimados.
“Pode criar grandes impactos. E sabemos bem, no histórico, por exemplo, dos incêndios 2017, como é esse impacto”, sublinhou.
Rui Ladeira disse que este trabalho, que “nunca foi feito”, está a ser realizado “com o sentido de responsabilidade de proteger não só a floresta, mas também os impactos que pode criar nos territórios”.
No que respeita ao futuro, lembrou que o Governo está “a preparar um plano de intervenção a 90 dias para a estratégia para o país a nível florestal”.
“A seu tempo, vamos apresentar essa estratégia que não é só nas áreas ardidas, mas é todas as áreas. São as prioridades e o que é que podemos fazer no curto, médio e longo prazo”, referiu.
O secretário de Estado reiterou que “o país, de uma vez por todas, tem que ter uma estratégia”, independentemente dos governos que estejam no poder.
LUSA