A ministra da Saúde revelou, na noite de quarta-feira, no programa ‘Grande Entrevista’, da RTP3, que todas as escolas podem vir a encerrar de imediato.
Depois de ter estado reunida com os epidemiologistas, assim como com o ministro da Educação, do Ensino Superior, da Presidência e, em videoconferência, com o primeiro-ministro, Marta Temido admitiu que este encontro trouxe “algumas alterações àquilo que eram as estimativas anteriores, o que, muito provavelmente, obrigará a novas reflexões sobre medidas a tomar”.
“Epidemiologicamente a situação mudou. A situação agravou-se”, explicou, acrescentando que “as decisões serão dia 21 de janeiro em Concelho de Ministros” e, posteriormente, será António Costa a anunciar as mudanças aos portugueses.
De acordo com a governante, “há uma aceleração da transmissão”, visto que, o número de casos registados hoje (14.647) só era esperado “no fim do mês” e esta pode estar relacionada com a nova estirpe, encontrada no Reino Unido e que já chegou a vários países.
“20% dos casos podem ser desta variante”, apontou, acrescentando que esta nova estirpe pode “atingir 60% [dos casos] dentro de mais uma semana, até ao final do mês”, pois “aquilo que indicia é que é mais transmissível”.
“Sinto que estamos muito próximos do limite”
Questionada sobre a situação dos hospitais, perante um número tão elevado de internamentos (5.493, no total), Marta Temido reconheceu que estamos “muito próximos do limite”.
“Neste momento, sinto que estamos muito próximos do limite e que há situações em que estamos no limite”, referiu a ministra da Saúde, sublinhando que a situação dos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo é “muitíssimo complexa, em que os meios são reutilizados e reinventados e o esforço humano é redobrado”.
“Para tudo há limites e, neste momento, os números que enfrentamos são números poderosíssimos com os quais nunca julgamos ser confrontados. A estimativa é que esta tendência se vai agravar nos próximos dias”, acrescentou.
“Requisição civil por si só não resolve o problema”
Sobre a possibilidade de o Governo ter de tomar medidas extremas, como o decreto de uma requisição civil, Marta Temido assumiu esta possibilidade, mas recordou que esta não resolve o problema.
“O setor privado tem que se organizar e articular a sua resposta com o Serviço Nacional de Saúde. Acredito que há disponibilidade para aprofundar relacionamento com privados. Se esse aprofundamento não for possível, temos de tomar medidas extremas, entre elas a requisição civil”, disse, acrescentando, contudo, que a “requisição civil por si só não resolve o problema”.
“SNS não aguenta responder a este número de infeções”
Durante a entrevista, por várias vezes, Marta Temido apelou ao cumprimento das regras sanitárias. “Não podemos continuar a lidar com este número de infeções porque o sistema de saúde não aguenta responder a este número de infeções”, alertou a ministra, a certa altura.
Já sobre a dificuldade dos rastreios de contactos, face ao aumento do número de casos, a governante revela que o número de profissionais envolvidos neste rastreio foi aumentado de 417 pessoas para mais de 1.100. “Estamos, neste momento, a garantir que as pessoas que agora são novos casos têm um primeiro contacto até às 72 horas”, garantiu.
Catástrofe? “Ainda não está a acontecer, mas estamos próximos”
Apesar de recusar que os profissionais de saúde já estão a escolher “quem é que se vai tratar”, Marta Temido alertou para o facto de a situação de catástrofe ainda “não está a acontecer, mas estamos próximos de que aconteça”.
“Devemos fazer todos os esforços para evitar que isso aconteça”, rematou.