O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, visitou ontem à noite a freguesia de São Gião com o propósito de participar na cerimónia de entrega de medalhas aos Antigos Combatentes do Ultramar, naturais ou residentes nesta localidade do concelho de Oliveira do Hospital.
Esta foi uma iniciativa promovida pela Junta de Freguesia de São Gião que surge na sequência da requisição de medalhas efetuada durante a sessão comemorativa do Dia de Portugal, no dia 10 de Junho de 2023, aquando da inauguração do Memorial dos Antigos Combatentes do Ultramar de São Gião.
Convidado de honra, Nuno Melo considerou tal gesto “justíssimo e fundamental”. O Ministro da Defesa saudou o presidente da Junta de Freguesia pela atitude que “faz justiça”. Considerou até “curioso”, uma vez que Rafael Dias “é um jovem” e tem “essa vontade de homenagear uma geração, que é dos nossos pais e dos nossos avós, que se sacrificou pela pátria portuguesa”. “Muitos tombaram, perto de 25 neste concelho, outros trouxeram feridas no corpo e na mente para uma vida inteira. Outros felizmente sem dano que seja assinalável, militares que se disponibilizaram com o sacrifício da própria vida por um bem maior”, referiu.
Nuno Melo considerou, por isso, que “esta homenagem faz-lhes justiça”, sendo que, “em muitos casos faz-lhes justiça em vida e isso também é muito importante”. Perante “pessoas muito emocionadas”, o governante acredita que “cada vez que são homenageadas, são em certa medida confrontadas com a memória de um percurso seu, que também as marcou profundamente para o bem e para o mal”. No entender de Nuno Melo, o Estado tem de demonstrar “reconhecimento e gratidão”. “Tenho orgulho de poder fazê-lo para o país inteiro e poder fazê-lo em vida. Saio daqui de alma cheia por eles sentirem esta esta homenagem que é totalmente genuína e profundamente sentida”, frisou.
Com o sentimento de “dever cumprido”, o autarca de São Gião frisou que “as promessas são para cumprir” e daí esta homenagem. Recordou que aquando da inauguração do Memorial dos Antigos Combatentes do Ultramar de São Gião, “há cerca de dois anos”, ficou “ficou prometido que, em justa data, se faria a devida homenagem com a atribuição das insígnias”. Com “muita pena”, Rafael Dias lamenta que, desde então, “já partiram duas pessoas” e “outras duas que estão, neste momento, hospitalizadas”. “É um sentimento de dever cumprido, porque acho que se tem que fazer justiça com a história. A Junta de Freguesia de São Gião, desde que eu sou autarca, de certo que não se envergonha dela[história]”, defendeu o autarca. Segundo Rafael Dias, a freguesia “tem cerca de 75 antigos combatentes”, o que representa “quase um terço” da população.
O presidente de São Gião considera, assim, que este reconhecimento “é de inteira justiça”. “Como autarca fico muito e genuinamente feliz por esta homenagem, e só tenho que agradecer ao senhor Ministro por estar aqui presente, porque é, no fundo, a representação do Estado numa aldeia tão singela como a nossa”, concluiu.
Também o Município de Oliveira do Hospital se associou à iniciativa, considerando José Francisco Rolo ser “justíssimo que se faça esta homenagem, lembrando aqueles que sobreviveram a uma guerra que foi difícil, que deixou sequelas, mas também relembrar os que pereceram e as famílias, aqueles que sofreram com a dor da perda”.
Com “sentido de honra”, o presidente do Município oliveirense considerou importante reconhecer “aqueles que deram o corpo, o seu tempo e o seu esforço em defesa de uma ideia de Portugal, de uma ideia de pátria”.
O edil recordou que a autarquia já promoveu diversas iniciativas de homenagem a antigos combatentes e “se outros autarcas entenderem” podem replicar esta iniciativa, “homenageando os antigos combatentes em cada uma das freguesias”.
Orlando Oliveira foi um dos homenageados, que se mostrou muito emocionado pelo gesto, contudo considera que vem “um bocadinho atrasado”. “Mais vale tarde do que nunca”, disse.
O homem que, assentou praça em 1973 e rumou para Angola em 1974, recordou um dos episódios mais difíceis: levou um tiro numa perna. Orlando conta que “as memórias ainda estão muito presentes”.
Presidente do Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes, o Tenente-Coronel João Paulino considerou este “um dia festivo”, onde se “elogiaram todos os combatentes no cumprimento da sua missão”. Dirigiu também “uma palavra às esposas que tiveram e têm um papel muito importante no equilibro familiar”.


































