O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou, este domingo, que “2023 pode vir a ser, no mundo, na Europa e em Portugal, o ano mais importante até 2026, senão mesmo até 2030,” e que, após uma pandemia e uma guerra, “é tempo de voltar a sonhar”.
“Um ano depois, sabemos que, em Portugal, apesar daquilo em que estivemos melhor do que muita Europa, 2022 não foi o ano da viragem esperada e entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022”, alertou, na tradicional mensagem de Ano Novo aos portugueses.
Se “2022 parecia ir ser um ano de desconfinamento, de viragem e de esperança”, o Presidente da República constatou que um ano depois “a pandemia [de Covid-19] não desapareceu nalgumas áreas do globo” e “a guerra ultrapassou a diplomacia, sem a certeza quanto ao tempo e aos efeitos”.
“Um ano depois, sabemos que Portugal aguentou melhor do que alguma Europa no crescimento, no turismo, no investimento estrangeiro, na autonomia energética e no défice do Orçamento, mas sofreu e sofre na subida dos preços, no corte dos rendimentos, no corte dos salários reais, nos juros da habitação, no agravamento da pobreza e nas desigualdades sociais”, enfatizou.
O chefe de Estado recordou que há um ano Portugal estava em vésperas de eleições legislativas antecipadas.
Um ano depois, sabemos que os portugueses escolheram dar maioria absoluta ao partido que governara nos seis anos anteriores, passando a não depender, portanto, dos antigos apoios partidários, nem de um entendimento com o maior partido da oposição”, observou.
Sobre a expectativa de que os fundos europeus”, somados ao turismo e ao investimento estrangeiro, já em alta, iriam fazer de 2022 o ano da viragem”, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que um ano volvido se sabe que a Europa “se viu forçada a ocupar-se mais tempo com a guerra [na Ucrânia] e com a reação à dependência, na energia e na inflação, do que com os fundos europeus — como usá-los e controlá-los — com o crescimento das economias, com as suas reformas internas, com o seu papel global no mundo”.
“Um ano depois, sabemos que o crescimento no mundo não existiu ou foi insignificante, o comércio internacional não se normalizou, a subida dos preços disparou, a pobreza e as desigualdades da guerra somaram-se à pobreza e às desigualdades da pandemia”, acrescentou ainda.
Marcelo Rebelo de Sousa fez, este domingo, o seu sexto discurso de Ano Novo aos portugueses, numa altura em que o país enfrenta uma crise política após a demissão de vários membros do Governo de maioria absoluta.
A mensagem do chefe de Estado foi transmitida pela televisão, apesar de Marcelo se encontrar no Brasil, para a tomada de posse do presidente eleito Lula da Silva.
Marcelo formulou como desejos de ano novo paz na Ucrânia, descida da inflação e menos desigualdade e menos pobreza em Portugal.
“Paz no mundo, o que significa em primeira linha a paz na Ucrânia. Em segundo lugar, que a inflação desça consideravelmente e que não haja desemprego. Que não toque o desemprego e que melhore a situação em termos de inflação, que é o flagelo de facto que neste momento se tem. E depois, em terceiro lugar, eu diria que pudesse haver menor desigualdade e menor pobreza”, declarou, acrescentando que 2022 “não deixa saudades”.