A reunião da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital que, ontem, se realizou ficou marcada pelo sentimento de despedida, algum “saudosismo”, tendo até algumas intervenções sido consideradas “melosas”.
Às portas das eleições autárquicas do próximo dia 12 de outubro, a reunião de ontem foi a última deste mandato autárquico e, por conseguinte, de vários deputados e presidentes de junta que não integram as listas candidatas. O mesmo sucedeu com os vereadores Graça Brito (Educação e Cultura), Nuno Ribeiro (Desporto e Juventude) que estiveram presentes naquele órgão pela última vez, já que não fazem parte da lista candidata à Câmara Municipal pelo Partido Socialista. Graça Brito foi vereadora durante quatro mandatos e Nuno Ribeiro foi vereador nos últimos três mandatos.
A dedicação de ambos ao executivo municipal e, por conseguinte, ao concelho, foi reconhecida em várias intervenções no período antes da Ordem do Dia da Assembleia. “Deram um contributo importantíssimo na vereação. São merecedores do nosso respeito enquanto oliveirenses”, referiu Raul Costa, líder da bancada do PS, que também agradeceu o contributo dos restantes vereadores, também os da oposição, de todos os deputados, do presidente da Assembleia Municipal e de Esmeralda Dinis, funcionária do Município presta apoio aos trabalhos daquele órgão e que “exerceu a função de forma exemplar”. Sucederam-se palavras de reconhecimento noutras intervenções, destacando-se de modo particular o que foi dito pelo presidente da Câmara Municipal, José Francisco Rolo, que reconheceu a “honestidade, o empenho, a alegria e o entusiasmo” demonstrado por ambos no exercício das suas funções. “Agradeço-vos a vossa dedicação”, disse o autarca, destacando o “trabalho imparável” que entende ser a marca do seu executivo.
Foi através de uma carta que Bruno Amado, presidente da União de Freguesias (UF) de Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira se despediu da Assembleia, através da qual partilhou a “emoção” na hora da saída e elogiou a “postura exemplar” do presidente da Câmara Municipal, José Francisco Rolo. Foi também com “saudosismo” que José Carlos Marques, presidente da Junta de Freguesia (JF) de Lourosa se despediu com “sentimento de dever cumprido”. Também o autarca de Aldeia das Dez, Carlos Castanheira garantiu que “sai mais humano e realizado por ter ocupado este cargo”. Rui Coelho, presidente da UF de Penalva de Alva e S. Sebastião da Feira destacou o “muito” que foi feito pelo Vale do Alva e a certeza de que mais vai continuar a ser feito não só pelo Vale do Alva, mas por todo o concelho. Olga Bandeira, autarca de Lagares da Beira, agradeceu “a todos a disponibilidade para a resolução dos problemas da freguesia”. “Também me venho aqui despedir”, referiu também o presidente da UF de Ervedal e Vila Franca da Beira, que espera que daqui para o futuro a Câmara se mantenha de “porta aberta”, situação que contrasta com a de “outros tempos de má memória”. Carlos Maia alertou para os “ressabiados da política e os arautos da desgraça que andam por aí, mas de que os oliveirenses já não se lembram”.
Na hora da despedida, o deputado Municipal Miguel Clara (PSD/CDS-PP) não se escusou a apontar o dedo à atuação do executivo, mas também do partido a que pertence (PSD) que “por vezes falhou por falta de rumo”. Despediu-se com “a consciência tranquila” do ciclo que agora termina, na certeza de que voltará ao debate político “quando entender”.

O Balanço
Ontem, também foi dia de balanços na Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, com o deputado Rafael Costa (PSD/CDS-PP) a quebrar o tom das intervenções com uma declaração a “pesar mais para o lado negativo”. Ainda que tenha verificado que “nem tudo correu mal”, Rafael Dias fala de “alguma desilusão” e de “poucochinho” no diferencial entre “o deve e o haver”. A elencar um conjunto de promessas que ficaram por fazer, o deputado considerou que isto é o que resulta de um executivo que “demonstra exaustão”.
Se a intervenção de Rafael Costa contrastou com a de Francisco Garcia (PS) que momentos antes criticou os que “dizem que o PS não faz obra”, aquela que foi proferida por Rui Monteiro (PS) destacou-se pela apresentação ao detalhe do trabalho desenvolvido pelo executivo nas várias áreas, ao ponto de considerar que “nos últimos 16 anos, Oliveira do Hospital saiu do Portugal dos Pequenitos e está agora na 1ª Liga”. Chegou a agradecer a Rafael Costa por, com a sua intervenção, alterar o registo das intervenções que “estavam a ser melosas”. “O que nos interessa aqui é fazer política”, afirmou.
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal garantiu a Rafael Costa que todo o trabalho feito até aqui “não é sinal de exaustão”, é antes “sinal de trabalho imparável”. “Estamos aqui para o que der e vir”, asseverou José Francisco Rolo, em jeito de conclusão do período antes da Ordem do Dia da Assembleia, onde o executivo foi ainda acusado pelo autarca de Meruge, João Abreu, de tratamento desigual das freguesias.
A reunião da Assembleia prosseguiu com a ordem de trabalhos, entre eles a proposta de fixação da taxa de IMI em 0,31 por cento para o ano de 2026, a proposta de redução da taxa de IMI em função do número de dependentes no próximo ano e a proposta de cidadãos e entidades a homenagear a no Feriado Municipal de 7 de outubro.
