O coordenador da task force de vacinação contra a covid-19 traçou esta sexta-feira um cenário sobre o processo em Portugal. Henrique Gouveia e Melo admitiu que esta última semana tem sido centrada, sobretudo, na administração de segundas doses da vacina, mas garante que as primeiras doses vão voltar a acelerar em breve.
Estas semana tivémos poucas primeiras doses, porque estamos a dar muitas segundas doses. Vamos ter três a quatro semanas de forte vacinação de primeiras doses”, afirmou, referindo-se às vacinas da Pfizer, Moderna e Janssen.
Segundo o vice-almirante, toda a população elegível será vacinada com a primeira dose “dentro de pouco tempo”. O coordenador da task force visitou esta sexta-feira um centro de vacinação em Évora.
Questionado sobre as férias dos portugueses, que pode interferir com a vacinação de segundas doses (que têm de ser administradas no local da primeira), Henrique Gouveia e Melo percebe o incómodo, mas lembra que o vírus “não vai de férias”.
Temos de por o vírus ao sol, temos de lhe tirar água. Não pode ter poças por onde progredir, e isso é um combate de todos nós”, disse, lembrando os profissionais de saúde que “não têm férias”.
Segundo o plano do Governo, Portugal deve atingir os 70% de população totalmente imunizada no início de setembro.
Sobre uma eventual necessidade de administração de terceiras doses da vacina, que já vem sendo feito em vários países, Henrique Gouveia e Melo afastou essa possibilidade.
Não há evidência científica, neste momento, para dizer que a terceira dose é necessária e, enquanto não houver evidência científica, não devemos começar a criar uma imagem que vem aí qualquer coisa e temos que ir já para uma terceira dose”, afirmou.
Questionado sobre a hipótese de se realizarem testes à imunidade nos lares, o responsável, recorrendo ao que disse ter ouvido “dos técnicos de saúde”, considerou que a medida “pode não ser suficiente” para dar uma ideia da situação.
“A medida de anticorpos pode não ser suficiente para nós percebermos se estamos ou não protegidos contra o vírus, porque nas Células T há memória do vírus e as Células T em presença do vírus criam anticorpos”, disse.
Nesse sentido, realçou Gouveia e Melo, se forem medidos os anticorpos a uma pessoa que “não teve contacto com o vírus recentemente”, esta “pode ter os anticorpos a zero”, mas isso “não significa que não tenha defesa para o vírus”.
Agora, começo a medir os anticorpos na população e, se não houver o vírus, chego à conclusão que ninguém está protegido e, depois, se calhar, vou ter que vacinar outra vez, sem motivo nenhum”, advertiu.
O coordenador da ‘task force’ para a vacinação aludiu a “estudos” sobre as Células T que “indicam, exatamente, o contrário”, nomeadamente que a imunidade “fica adquirida por um longo período, se não para a vida toda”.
Portanto, temos de esperar para que esses estudos se desenvolvam”, acrescentou.
Sobre os surtos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2 em lares de idosos, o responsável lembrou que “a vacina não é 100% eficaz”, pelo que “os surtos aparecem”, mas vincou que “a consequência é complemente diferente do que era há três meses atrás”.
As pessoas que morrem com a vacinação concluída são uma percentagem ínfima e, se formos ver, apesar de estarem infetadas, não estão a morrer da infeção”, mas sim “de outras complicações”, devido à idade e situação de saúde.
Segundo o vice-almirante Gouveia e Melo, a proteção que a vacina oferece “é gigantesca e isso é evidente”, uma vez que agora “estão a morrer 30 a 40 vezes menos” pessoas do que em janeiro deste ano.
Com: TVI24