Quarenta e nove anos depois da data que ninguém esquecerá, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital encheu-se para “homenagear os homens e mulheres que lutaram por um país livre”. Os vários partidos com representação na governação autárquica do concelho uniram-se para celebrar “o dia do povo português, o dia da tolerância e da paz”.
Foram as primeiras palavras de José Francisco Rolo na sessão solene que decorreu “numa das casas da democracia do país”. “É imperioso estarmos juntos pelo que o 25 de abril nos deu”, afirmou o presidente do Município, reiterando que não se pode abrir portas ao “populismo fácil” e que se deve “lutar com firmeza contra quem possa colocar em causa a democracia”.
Na ocasião, mostrou-se honrado em “viver num concelho que está ligado à implementação da democracia” graças aos oliveirenses que “partiram para a ação”. A autarquia, “que tem dado voz aos anseios da população, está atenta aos mais vulneráveis”. O poder local, uma “conquista da democracia”, tem permitido “governar com proximidade e diálogo”. “Servir com qualidade é a nossa grande missão”, referiu o autarca, sublinhando que “cumprir abril é também prestar contas com transparência”. Recordou as obras em curso no concelho nas áreas prioritárias do executivo: educação, habitação, saúde, acessibilidades e setor empresarial.
Apesar de um “início de mandato marcado pela transferência de competências, pela inflação e consequente revisão de preços”, as contas do Município apresentam “uma situação confortável”, ainda assim geridas “com prudência”. Oliveira do Hospital é, assim, “um concelho que constrói diariamente o seu futuro”.
Por se encontrar nas comemorações da efeméride na Assembleia da República, José Carlos Alexandrino, presidente da Assembleia Municipal, deixou a sua mensagem com a segunda representante do órgão autárquico, Ana Marta Garcia. Deixou expresso que “em boa hora” Oliveira do Hospital começou a comemorar o 25 de abril. Tal aconteceu a partir do momento que assumiu a liderança dos destinos do concelho e assim o fez por 12 anos. A considerar o poder locar “uma das grandes conquistas de abril”, o também deputado da Nação apelou a que sejam “deixadas bandeiras partidárias em prol das causas que privilegiam os cidadãos”. “Na Assembleia da República, na Assembleia Municipal ou em qualquer lugar, podem contar sempre com a minha disponibilidade”, concluiu.
Representante da CDU, João Dinis, recordou “o processo notável e incontornável do 25 de abril”. Considerou que “a democracia está ameaçada pelas más decisões políticas”, apelando aos “democratas para que se unam na defesa da soberania nacional”. No entender de João Dinis “merecíamos estar melhor”. Em causa estão, por exemplo, os baixos salários, pensões e reformas e a “deterioração dos serviços públicos”. No caso concreto de Oliveira do Hospital, “a saúde, os transportes e as vias de comunicação são insuficientes”.
Pelo CDS-PP, Cláudia Saraiva frisou que a “democracia e a liberdade são bens demasiados preciosos” aos quais “não se dá o devido valor”. Como jovem, demonstrou a sua insatisfação pela grande abstenção manifestada no último ato eleitoral. “A juventude não sai à rua para eleger. Isto não é democracia plena”, disse, frisando a necessidade de “transmitir à geração vindoura” a importância de tal gesto. Cláudia Saraiva destacou ainda o direito à habitação, sendo que “a geração sub 30 é a que sai mais tarde de casa dos pais em toda a Europa”. É preciso, assim, “apostar em resoluções” urgentes “sem populismos e demagogias”. “Portugal deve ser um farol para todos os países da língua portuguesa. Neste dia, deixo, por isso, uma palavra especial aos nossos países irmãos que ainda hoje vivem sob o jugo repugnante de ditaduras que são inaceitáveis em 2023”, afirmou.
Do lado do PSD, Francisco Rodrigues referiu que “neste dia, vale a pena lembrar todos aqueles que se uniram em redor de uma causa comum, homens de coragem, fartos de um país bloqueado e amarrado a uma visão torpe e antiquada”. Recordou os “três pilares da revolução: democratizar, descolonizar e desenvolver”, na “esperança de um futuro melhor para todos”. “Temos a responsabilidade de honrar o 25 de abril, pugnando pela liberdade de todos e pelos direitos de cada um, lutando pela igualdade e garantindo os direitos de quem é diferente”, frisou. Para o social-democrata, é imperativo “atuar com transparência e ética, sobretudo no desempenho de cargos públicos e denunciar, sem reservas, quem não o faça”.
Do PS, Carlos Mendes lembrou que o partido que representa “foi o que levou à construção de um Portugal democrático”. Aliás, defendeu que “ninguém pode dar lições de democracia ao PS” que esteve, por exemplo, na linha da frente na criação do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública. No entender do socialista, “em Oliveira do Hospital o PS teve sempre um comportamento sério, com responsabilidade e espírito de visão”. Na ocasião quis “prestar uma homenagem a todos os que acreditaram num país livre”. Aos jovens de hoje, apelou a que “não embarquem no extremismo e populismo” e que “não deixem morrer os ideais de abril”. “É preciso amar a liberdade”, rematou.