Com um acumulado de 219 infetados com Covid-19, nos últimos 14 dias (até dia 4 de janeiro), que corresponde a 1.137 casos por 100 mil habitantes, o concelho de Oliveira do Hospital pode “permanecer no nível de risco extremamente elevado por mais 15 dias”.
O aviso foi feito esta tarde, pelo especialista Carlos Antunes que, semanalmente, analisa na Rádio Boa Nova a evolução da pandemia da Covid-19 no país, mas também no concelho de Oliveira do Hospital. O professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa reiterou, hoje, na Rádio Boa Nova que a ligeira diminuição de casos do Natal “foi resultado da diminuição de testes” e que, depois disso, o concelho retomou a trajetória ascendente, situação que considera “preocupante”.
“As medidas não estão a surtir efeito nenhum. A taxa média diária está a aumentar novamente e isso é preocupante. Porque, se as medidas não têm efeito e não temos uma capacidade de testagem para, rapidamente, isolarmos quem está a circular e está infetado e não sabe, torna difícil esse controlo. Oliveira do Hospital pode continuar a permanecer neste nível (risco extremamente elevado por mais 15 dias”, alertou o especialista, verificando que no que respeita às escolas do concelho “não sabemos se os 14 dias em casa são suficientes ou não”.
No dia em que o país se aproximou do recorde ontem atingido (10 027 e 91 óbitos), com 9 927 casos e 95 mortes, Carlos Antunes constatou que “infelizmente” os portugueses “não conseguiram abater a segunda vaga ao contrário de outros países, que o fizeram à custa de um confinamento total”.
“Nós não quisemos seguir essa estratégia. Achámos que o Natal era inofensivo e não traria grandes prejuízos, mas o facto, é que o preço a pagar pelas três rabanadas que consumimos no Natal é este. É um preço muito elevado, para além de termos casos em número muito elevado, estamos também com uma situação muito complicada nos internamentos nos hospitais, incluindo nos Cuidados Intensivos, com os hospitais a refletirem uma saturação muito elevada e os óbitos também a responderem”.
O professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa avisou também, na Rádio Boa Nova, que a “situação se está a tornar imprevisível”. “Não estamos a conseguir saber até onde esta terceira vaga vai subir. Temos também conhecimento da situação do impacto que pode ter a variante que vem de Inglaterra, que já está cá a circular. É muito preocupante, porque tem uma capacidade de transmissão muito elevada”, referiu, dando como exemplo a Irlanda que, “em cinco dias, passou de 1700 casos para 7 mil casos” com uma taxa de reprodução de “1.4”. Carlos Antunes verifica que “ apesar de não ser mais perigosa do ponto de vista clínico”, a nova variante “vai contaminar mais gente de forma muito mais rápida “. “A situação torna-se muito mais grave nos hospitais. É imprevisível saber até onde vai a terceira vaga”, notou.
Diante de uma terceira vaga que bate recordes no número de casos e de óbitos e que poderá ser “muito mais complicada”, Carlos Antunes apela “à responsabilidade de saúde pública: ao nos protegermos a nós, protegemos os outros também”. É preciso “muita responsabilidade e muita consciência”, rematou.