O executivo da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e o vereador da oposição que, nas últimas eleições perdeu a corrida à presidência da autarquia, protagonizaram na última reunião pública uma intensa troca de acusações, com os ânimos a ficarem exaltados em alguns momentos.
Na reunião de trabalho que iniciou com a intervenção do vilafranquense João Dinis, que ali se dirigiu para questionar o executivo sobre as piscinas de Seixo da Beira que se mantêm fechadas por falta de nadador salvador, o próprio chegou a acusar a Câmara de “incompetência política”.
José Francisco Rolo, presidente da Câmara Municipal logo apontou o dedo a João Dinis pela “muita desfaçatez” que teve em dirigir tal acusação ao executivo. “A Câmara Municipal sempre fez tudo para promover cursos de nadadores salvadores e planear esse trabalho. Não cabe à Câmara colocar nadadores em todas as freguesias. E, no que respeita ao Seixo, o Seixo não tem gosto nenhum em ter a piscina fechada”, reagiu o autarca. Segundo adiantou “tem sido difícil arranjar nadador salvador e não é por causa dos custos, nem de realização de cursos que os nadadores não estão disponíveis para vir para Oliveira do Hospital. Têm é outras opções”, frisou.
E porque “ser autarca é ser responsável”, José Francisco Rolo explicou que a Junta de Freguesia “optou por manter fechado o espaço sem nadador salvador, porque os acidentes ocorrem”.
Vereador responsável pelo assunto em debate, Nuno Ribeiro considerou “injustas” as acusações dirigidas à autarquia, notando também ser “mentira” que a Câmara não promove a realização de cursos. Explicou que o que se verifica “é uma questão nacional”, havendo notícia de várias zonas balneares no país que não conseguem arranjar nadador salvador. “Na política temos que ser sérios e verdadeiros”, continuou Nuno Ribeiro, informando que o Município promoveu cursos que “têm duração de três anos, em 2010, 2012,2015, 2018 e 2021”. Garantiu que “da parte da Câmara o trabalho tem vindo a ser feito e as Juntas têm feito um grande esforço para encontrar nadadores salvadores que não há”.
A concordar com João Dinis de que a legislação está desatualizada porque “mar é mar e o rio é um riacho”, o presidente da Câmara Municipal também verificou que “há nadadores que estão disponíveis e deixam de estar para irem para outros pontos do país”. Uma situação que, segundo Nuno Ribeiro, seria resolvida com a proposta já apresentada pelo Município junto do Instituto de Socorros a Náufragos de “divisão da carta de nadadores salvadores para rios e piscinas e para mar”.
O tema em análise logo levou o principal vereador da oposição, Francisco Rodrigues a atirar contra o executivo, considerando “insuficiente a realização de cursos de três em três anos”. “Deviam reconhecer que não houve formação suficiente de nadadores salvadores. Temos praias com bandeiras que não têm nadadores salvadores. Uma Junta de Freguesia teve que pagar mais de 1000 Euros”, afirmou, criticando a Câmara de agora andar a “espirrar” sobre aquilo que tem feito nesta matéria.
O vice-presidente da Câmara Municipal, Nuno Oliveira saiu logo à defesa do executivo acusando a oposição de “populismo” e de “faltar à verdade”.
“Façam intervenções sérias”, exortou o vereador da oposição. “Faça o senhor. Agora diz que andamos a espirrar. Acha que isso é sério?”, reagiu o presidente da Câmara, apelidando mesmo Francisco Rodrigues de “virgem ofendida”.
Com o tom das intervenções a subir de nível e com o presidente da Câmara a solicitar que se concluísse a discussão em torno do tema, Rui Fernandes, da oposição, apelou a que se reveja o código do procedimento administrativo e a que se tenha “um pouco mais de nível e mais cuidado nas intervenções”.
A discussão voltou a reacender por ocasião da intervenção de Francisco Rodrigues a propósito das localidades de Goulinho e Casal Cimeiro, às quais foi prometida conclusão do saneamento, situação que ainda não se verifica. “Os 160 mil Euros gastos em contratação púbica eram mais do que suficientes para resolver este problema do saneamento”, observou.
“O seu problema é de indigestão com a EXPOH”, reagiu José Francisco Rolo, passando a discussão a centrar-se nos valores gastos com o certame, que anteriormente era organizado pelo agora vereador da oposição, que criticou as contratações feitos pelo atual executivo. Rolo disse ainda que o que Francisco Rodrigues queria era “uma medalha, um pendericalho por cumprir com as suas funções”.
Entre ânimos muito exaltados, José Francisco Rolo insistia para que o vereador da oposição concluísse a intervenção, com Francisco Rodrigues a retorquir que “a mim o senhor não me manda calar”, podendo antes mandar calar o “seu filho”.