O deputado do PSD, João Brito, opôs-se na última reunião da Assembleia Municipal ao executivo de José Carlos Alexandrino por continuar a “atribuir verbas para as festas” quando “as suas populações passam fome e vivem em desespero”.
Passados oito meses após o grande incêndio, o deputado do PSD questionou o presidente da Câmara Municipal sobre o que já foi feito em termos de limpeza de bermas, quantas habitações foram recuperadas e entregues às pessoas e de que forma o município faz jus ao lema defendido de que em primeiro lugar estão as pessoas. A pôr em causa a moralidade do município na possível aplicação de coimas aos populares quando o mato das bermas “atinge os dois metros de altura” e a denunciar a inexistência de uma equipa de acompanhamento às populações na preparação de projetos e até ao nível de encaminhamento mental, João Brito foi ainda mais longe ao apontar o dedo ao executivo socialista de “atribuir verbas para festas” quando “as suas populações passam fome e vivem em desespero”.
A intervenção de João Brito não caiu bem junto do presidente da Câmara Municipal que logo acusou o deputado do PSD, que é presidente do partido no concelho de querer “ganhar eleições à custa da desgraça alheia, dos incêndios e das festas. José Carlos Alexandrino esclareceu, porém, ao social democrata que “as festas deram 6-1 ao PSD “ e o partido “já deveria ter aprendido com estes resultados”.
“Estas pessoas esquecem-se da maior tragédia vivida no concelho e estavam à espera que, ao fim de oito meses, os problemas estivessem todos resolvidos, como se eu tivesse capacidade de fazer o milagre da Fátima. Mas não tenho”, reagiu ainda o autarca, verificando que até agora “nem tudo foi feito, mas muito foi feito”. Esclareceu a João Brito que “o melhor elogio” que pode receber é quando as pessoas na rua lhe dizem: “ainda bem que o senhor é o nosso presidente”. Em reunião da Assembleia Municipal, José Carlos Alexandrino, disse que são estas palavras que lhe “dão estímulo para fazer mais e melhor. Desafiou ainda os presidentes de Junta a identificarem as pessoas que “passam fome no concelho”.
Também do lado CDS- PP, Rafael Dias colocou em causa a conduta do executivo municipal no pós incêndio, em particular na distribuição dos bens que resultaram da onda de solidariedade que bafejou o concelho. O jovem centrista pediu a José Carlos Alexandrino a lista do que “foi doado, a quem e o que falta ser dado”, na expectativa de que “o executivo não tenha tido a desfaçatez de fazer política com os bens doados”.
Do lado do PS, Carlos Maia não hesitou em considerar que “é muito triste e lamentável que um jovem venha aqui acenar com desgraças que se passaram no concelho e a dizer que se andaram a dar bens para se fazer política”. “O menino tem muito crescer e pensar nessa cabeça. Cresça”, sustentou o socialista que também criticou a intervenção de João Brito (PSD) a propósito das festas, para notar que o anterior executivo do PSD não fazia festas e Oliveira do Hospital “parecia uma aldeia e não uma cidade desenvolvida”. “Não faziam festas porque não tinham jeito para as fazer”, constatou, notando que o problema do PSD é “a popularidade” que o atual executivo consegue com as festas.
Na reunião da Assembleia Municipal, destaque também a para intervenção de Alice Gouveia (CDS-PP) que ali denunciou vários constrangimentos no funcionamento da Central de Camionagem na cidade. Rui Monteiro, eleito pelo PS, comparou a intervenção de Alice Gouveia (recém chegada àquele órgão) às “dores de crescimento”.