O Rio Cobral voltou a sofrer descargas de efluentes lácteos. A denúncia é feita pela Junta de Freguesia de Meruge que fala em “impunidade, arrogância e total falta de respeito pelas populações”.
O executivo, liderado por João Abreu, revela que a falta de “cumprimento das regras de preservação ambiental tiveram expressão, mais uma vez, esta manhã, com uma brutal descarga criminosa de efluentes lácteos no Rio Cobral”. Acusa as “queijarias localizadas na Catraia de S. Romão/Carragosela, concelho de Seia, de tal situação.
No entender da autarquia, “a anunciada queda de neve para esta madrugada traduziu-se, para o Rio Cobral, em Meruge, num imenso manto branco, mas de espuma venenosa e altamente nociva para os lençóis freáticos, para o pasto dos prados e para a saúde dos habitantes, a que se junta a pestilência dos cheiros do soro e dos restos de leite podre, que invadem o ar em redor”.
“Aproxima-se o Natal e a prenda que as populações ribeirinhas do Rio Cobral recebem dos falsificadores de Queijo, que ganham fortunas utilizando o rótulo com a designação Queijo de SEIA, mas cujo leite para fabrico tem proveniência em Espanha e Israel, são descargas e mais descargas ilegais e criminosas”, lê-se na nota enviada à Rádio Boa Nova, mas também à Agência Portuguesa do Ambiente, GNR, Secretaria Geral do Ambiente do Governo e autarquias de Seia e Oliveira do Hospital.
João Abreu recorda que “em 6 de janeiro e em 11 de maio de 2025, a Junta de Freguesia de Meruge fez a denúncia pública das intensas descargas lácteas no rio”. Conta que “noutras situações análogas, ocorridas entretanto”, a autarquia comunicou “apenas à APA, à SEPNA e à Inspeção do Ambiente, sem tornar públicas as ocorrências”. Porém refere que “em nenhuma circunstância”, receberam “qualquer retorno das putativas diligências efetuadas por estas autoridades fiscalizadoras”.
“Qual o papel e posição do Governo e do seu Ministério do Ambiente, a quem sempre temos comunicado as ocorrências? O que tem a dizer sobre estes crimes ambientais, com proveniência no seu território, a Câmara de Seia? Todos, mudos e quedos, razão pela qual os donos das fábricas se sentem seguros e de costas quentes, para continuarem a fazer do Rio Cobral o vazadouro dos seus efluentes industriais”, questiona o presidente de Meruge.
A autarquia avança ainda que “a Junta de Freguesia de Meruge tem protagonizado o caminho das soluções para este gravíssimo problema”. “Para além de propor a construção de uma ETAR coletiva para receber e tratar os efluentes lácteos de todas as fábricas, defendemos que a APA deve revogar todas as autorizações de descargas que concedeu às diferentes fábricas, para poderem laborar, limitando essas descargas à obrigatoriedade da sua presença e controle”, explica.
A concluir, a Junta de Freguesia de Meruge “requer pela enésima vez, à Câmara Municipal de Seia, à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, ao Ministério do Ambiente, à GNR, à CCDR Centro e às demais entidades com jurisdição e obrigações institucionais na defesa do meio ambiente, uma reunião urgente para avaliar e implementar medidas que relativizem os efeitos nefastos deste atentado ambiental, que polui de forma continuada o Rio Cobral e as suas margens”.




























