Um grupo de médicos do hospital da Guarda recusa-se a fazer mais horas extraordinárias por ter sido atingido o limite anual, estando em causa o funcionamento da Urgência, havendo o risco de fechar alguns dias.
Adelaide Campos, diretora do serviço de Urgência, avançou que “vai haver dias em que as equipas não se podem formar, porque não há número de especialistas suficientes para cada uma das equipas e, portanto, a Urgência pode ter que encerrar”.
Os médicos entregaram à administração da Unidade Local de Saúde da Guarda o pedido para que, por terem atingido o limite anual das 150 horas extraordinárias, não lhes seja fixado “qualquer trabalho suplementar com eventual reformulação das escalas do serviço de urgência existentes”.
A diretora da Urgência alerta para a possibilidade de os doentes terem de ser transferidos para outros hospitais dada a falta de resposta.
“Mas se os outros hospitais estiverem na mesma situação, cada um vai ter de resolver os seus problemas. Estamos a transformar esta situação numa incapacidade de resolução de problemas”, sublinha.
Adelaide Campos diz esperar que “o senhor ministro da Saúde e o CEO do SNS [Serviço Nacional de Saúde] percebam aquilo que se pode vir a passar nas próximas semanas”.
A diretora realça que o limite das horas extraordinárias já foi atingido há muito tempo e que “esta situação não se pode manter”.
“Não podemos ter um distrito de 160 mil habitantes sem hospital que receba doentes urgentes. Não é viável, não é possível”, alerta.
O presidente do Conselho sub-regional da Guarda da Ordem dos Médicos, João Pedro Silva, manifesta-se solidário com os colegas.
Apesar de ser uma matéria de cariz sindical, salienta que “o problema se reflete na prestação dos cuidados de saúde”.
Na sua opinião, a situação “mostra a fragilidade do SNS e do hospital da Guarda, que tem muitas especialidades com falta de médicos. Sem médicos não é possível manter os serviços abertos”.
João Pedro Silva realça que muitos dos médicos atingiram o limite de horas extra em fevereiro e março. “Tiram tempo do seu descanso, da sua vida familiar, para estar a trabalhar”, sublinha
A indisponibilidade dos médicos para fazer mais horas extraordinárias tem-se registado noutras unidades de saúde do país.
com LUSA