A ministra da Saúde destacou “quatro mensagens” a reter da reunião com os peritos no Infarmed.
“A primeira mensagem penso que pode ser sintetizada na ideia de que o impacto da pandemia se modificou. Temos hoje os adultos mais jovens entre os 20 e os 29 como principais alvos de infeção”. Por outro lado, “temos os adultos maduros (dos 40 aos 59) como o que representa o maior número de hospitalizações”.
“E temos, felizmente, os idosos com uma incidência bastante baixa” e “uma letalidade que é muito baixa quando comparamos com a letalidade de há um ano. A incidência de óbitos a 14 dias é neste momento inferior a três”, realçou.
“Claramente estamos perante um padrão diferente da situação epidemiológica”, resumiu a ministra, advertindo que “a doença continua”.
“A incidência está, neste momento, numa fase ligeiramente crescente, estamos com um risco de transmissão de 1,07 (calculado para os últimos cinco dias”, retratou, lembrando que só o Norte e o Algarve tem este indicador abaixo de 1.
A ministra referiu-se também à variante indiana, que neste momento representa quase 5% daquilo que foram os novos casos sequenciados em maio.
Apesar das circunstâncias de “potenciais riscos”, a variante indiana e o aumento da incidência em Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, a vacinação continua a ser a “a nossa melhor arma”, vincou Marta Temido.
“O processo continua a correr de uma forma que acreditamos que seja muito favorável e que acreditamos que nos levará a cumprir o nosso objetivo de ter 70% da população adulta vacinada até ao fim do verão”, reafirmou.
Lembrando a nova fase de autoagendamento (na faixa etária acima dos 50), a ministra disse ser “uma preocupação muito grande” não deixar ninguém para trás, sabendo que há grupos que são mais difíceis de proteger e encontrar, nomeadamente pessoas que vivem em lugares remotos.
Marta Temido destacou ainda a “necessidade de permanecermos atentos, ainda”, referindo que aquilo que, genericamente, ficou sublinhado por todos os peritos foi a informação de que estamos “numa fase de transição”: “entre o momento em que só tínhamos as medidas não farmacológicas (máscaras, lavagens de mãos, confinamentos), e a expectativa de ter uma imunidade pela vacinação”. Mas esse “ainda é um momento futuro”. Por agora “ainda estamos a tentar afirmar essa imunidade”, pelo que há ainda a “necessidade de manter a prudência”.
Os especialistas recomendaram hoje que se mantenha a atual matriz de risco. A incidência é “o indicador mais sensível que nos permite uma resposta mais atempada” e é este o “propósito do documento das linhas vermelhas”.
Ora, “se a vacinação vai contribuir para manter controlados os valores de infeção, logo não se justifica a alteração dos critérios”, defendeu Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa.