O concelho de Oliveira do Hospital regista uma taxa de contágio diário de nove por cento, registando por isso uma “duplicação” do número de casos “muito elevada”. O concelho que entrou no nível laranja de contágio, já terá “na prática” entrado no nível vermelho com um “valor normalizado a 100 mil habitantes superior a 960 casos”.
A análise foi feita esta tarde, em direto na Rádio Boa Nova, por Carlos Antunes, professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que, a tomar por base os 164 casos ativos no concelho, verifica que “os números são muito elevados”. A constatar que a taxa de aumento diária passou de sete por cento (na última semana), para nove porcento, o especialista observa que “a duplicação do número de casos é muito elevada”, sendo na região, “o concelho que tem ritmo mais acelerado do nível de risco”.
Segundo os métodos de estudo que utiliza, Carlos Antunes nota que, se o concelho está com 164 casos ativos, “haverá provavelmente na ordem dos 200 casos acumulados (a 14 dias) e isso ultrapassa já o valor que coloca Oliveira do Hospital no nível vermelho”. “Devido ao atraso de pôr em prática os mapas de risco, o concelho com o mapa de segunda feira está em nível laranja. Mas em termos práticos, os valores numéricos indicam que esta semana, já ontem e hoje, terá entrado no nível vermelho, com valor normalizado a 100 mil habitantes superior a 960 casos. Quando houver nova atualização, e se a situação se mantiver, Oliveira do Hospital ficará em nível vermelho, ou seja, no nível de risco extremamente elevado”, explicou.
Para já, e com os dados de que dispõe, Carlos Antunes diz que é “difícil prever o achatamento” da curva no concelho. Verifica, porém, que “a avaliação da taxa não está a diminuir”. “O gráfico que o presidente da Câmara mostra no seu comunicado indica que o aumento é exponencial”, avisa o especialista, observando que o concelho ainda não terá chegado ao “ponto de inflexão, que é quando começa a haver desaceleração ainda que a subir”. Atendendo ao atraso na implementação de medidas mais restritivas, Carlos Antunes prevê que “uma desaceleração da epidemia acontecerá com o contributo individual de cada um”.
No país, Carlos Antunes nota que “em termos médios” o número de novos casos diários é na ordem dos 3500, assistindo-se a “uma diminuição a um ritmo muito lento e abaixo do que seria de esperar e que seria desejável”.
Sobre os óbitos, a projeção até ao final do ano, de números acumulados “tem oscilado em torno dos sete mil”. O país assiste a “uma diminuição em quase todas as regiões”, verificando-se “uma média de 75 óbitos diários”.
Com o Natal e fim de ano à porta, para além do uso da máscara, Carlos Antunes alerta para a importância do arejamento dos espaços fechados, “para tentar que a deslocação de ar evite a concentração de carga viral, de forma a reduzirmos o contágio”. “Quem não pertence ao agregado deve usar máscara e só a retirar para a refeição, que deve ter o mínimo de pessoas”, aconselhou.
Confira a análise completa no vídeo em cima.