A região da Serra da Estrela, nos concelhos de Belmonte, Covilhã e Guarda, vai ter um “incremento na vigilância” pelas forças de segurança, anunciou hoje o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Em declarações aos jornalistas, em Belmonte, distrito de Castelo Branco, onde o incêndio tem “uma frente muito ativa”, Duarte Costa disse que a medida é “decorrente da indicação do senhor ministro da Administração Interna [José Luís Carneiro], conjuntamente com o comandante-geral da GNR”, Rui Clero.
“Sei que a GNR e a Polícia Judiciária têm desenvolvido um conjunto de medidas de incremento nas suas áreas de investigação, de forma que haja um detetar e, se possível, apanhar as pessoas que ao longo destes dias têm estado a meter fogo”, acrescentou.
O presidente da ANEPC deslocou-se a Belmonte, onde esteve reunido com o presidente da Câmara Municipal local, António Dias Rocha, com o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira, e com o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa.
Duarte Costa aproveitou para alertar para “os comportamentos conscientes de toda a população com a não utilização do fogo” e apelou à “vigilância de tudo aquilo que se passa no território numa forma de cidadania ativa”, para que se consiga “debelar este flagelo”.
“Para dar, novamente, este incêndio como dominado. Está a correr bem na frente da Guarda. Aqui, ainda temos muito trabalho a fazer. O correr bem na frente da Guarda não quer dizer que vamos diminuir as ações de combate e vigilância”, alertou.
O presidente da ANEPC adiantou que “as investigações estão a seguir com toda a calma e serenidade e, como é óbvio, só depois destas investigações” é que as autoridades saberão se “foi fogo posto ou alguma utilização inconsciente ou alguma reativação”.
Três feridos graves e uma casa ardida. Prevê-se “dia muito complicado” na Serra da Estrela
As autoridades da Proteção Civil preveem um dia complicado para tentar controlar o incêndio na Serra da Estrela. Em conferência de imprensa, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, contou que esta terça-feira será “um dia muito complicado, um dia de muito trabalho, para garantir que o incêndio não cresce e não afete mais área do que já afetou”.
O incêndio na Serra da Estrela, que já consumiu floresta nos concelhos da Covilhã, de Manteigas e da Guarda, é um dos maiores fogos florestais do ano, queimando mais de 14 mil hectares e obrigando à evacuação de algumas aldeias na linha do fogo.
Ainda assim, o comandante felicita os esforços de todos os operacionais presentes na Serra da Estrela que, depois de uma noite “muito complicada”, foi garantida “a integridade física dos bombeiros e dos civis e conseguiu-se reduzir o potencial de área ardida”. Além disso, a noite permitiu que fossem criadas faixas de contenção e aproveitados terrenos agrícolas para “conseguir estabilizar a progressão do incêndio”.
Sobre a descrição do fogo em si, André Fernandes fala de um incêndio “bastante partido, com várias frentes, porque a orografia assim o determina”.
“É um incêndio que tem uma área já considerável, extensa, portanto, temos de garantir que haja meios no terreno que vão validando as necessidades da operação. À medida que diferentes frentes são dominadas, estas entram em fase de rescaldo e é importante garantir que o rescaldo esteja bem feito e que o incêndio fique estabilizado. Não é um incêndio que fique mais perigoso, é complexo na sua generalidade, é mais difícil de combater e é necessário garantir um maior acompanhamento, que foi aquilo que foi feito”, explica a autoridade.
Para esta terça-feira, as condições meteorológicas previstas (e que já se começam a confirmar) “mantêm-se desfavoráveis às operações de combate, nomeadamente com vento forte e humidade relativa do ar baixa”.
Segundo os dados apontados pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), estão mobilizados no terreno mais de 1.100 operacionais, com 21 grupos de reforço dos corpos de bombeiros e operacionais de uma série de outros operacionais, além de 331 meios terrestres e 13 meios aéreos.
Quanto ao impacto do fogo na população, não houve atualização no número de feridos resultantes do incêndio, registando-se 19 feridos ligeiros, três feridos graves (sem nenhum estar em perigo de vida) e 25 assistidos no teatro de operações. A nível habitacional, foram deslocadas 45 pessoas das suas casas. Ficaram danificadas duas habitações, uma de primeira habitação e outra de segunda habitação, na freguesia de Vale Formoso, no concelho da Covilhã.