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“Valerá a nossa vontade e nossa perseverança para lutar e fazer com que a J.Guerra continue”

Prestes assinalar 50 anos de atividade, a empresa J.Guerra tem pela frente a árdua tarefa da recuperação. Há seis meses, o grande incêndio de 15 de outubro provocou a destruição total da unidade de sirgaria e passamanaria,…

… localizada na zona industrial de Oliveira do Hospital, num prejuízo estimado em 15 milhões de Euros.

Paulo e Cláudio Guerra são os rostos da “luta” diária que a empresa tem vindo a travar desde o dia 15 de outubro. “Todos os dias andamos a tentar reabilitar a empresa. Não tem sido fácil”, desabafa Paulo Guerra que, com o irmão, juntam “as peças para poder começar o processo de produção”. A tal obriga o historial da empresa que, neste ano, assinala meio século de existência e que é sinónimo da perseverança do seu fundador, Joaquim Guerra. Em causa está, como lembra Paulo Guerra, uma empresa que “era líder de mercado em passamanaria e sirgaria”. “Tínhamos cerca de 200 artigos diferentes repartidos por 20 ou 30 cores. Agora, nalguns artigos, não estamos a fazer nada. Noutros estamos a fazer um produto. O que é isso? Não podemos ir para a rua”, refere Paulo Guerra, aludindo para aquilo que é a nova realidade da J.Guerra.

As instalações da empresa, cerca de 12 mil metros quadrados, maquinaria, matéria prima e produto acabado ficaram reduzidas a uma amálgama de ferro, chapa e uma imensidão de cinza. Escaparam as viaturas e um edifício de apoio, localizado junto ao portão de entrada.

A “garra” de continuar o projeto de uma vida, levou a administração a adquirir as instalações de uma empresa desativada na Zona Industrial e a começar a laborar. “Ainda continuamos parados. Temos um setor de três ou quatro pessoas a produzir. O que é isto? Tínhamos um leque muito grande de artigos. Agora, ter só um artigo…para nós não é nada”, afirma Cláudio Guerra.

Após o incêndio, a empresa conseguiu segurar, com o apoio do IEFP e Segurança Social, a mão de obra qualificada, num total de quase 50 trabalhadores. “Mas espaço não temos. Não há em Oliveira do Hospital um espaço com 12 mil metros quadrados e também não há máquinas”, refere o jovem empresário. O irmão, Paulo, lembra que as máquinas que a empresa possuía “foram adaptadas e encomendadas por nós”. “Ontem, chegou uma máquina que foi encomendada há cinco meses”, contou, observando o irmão Cláudio que “há máquinas que nunca vamos conseguir comprar”.

Seis meses após o fogo, “a quebra é de 100 por cento”. “Estamos a recomeçar agora, mas não conseguimos fazer face às despesas que temos”, conta Paulo Guerra.

O objetivo, garante Cláudio, é recuperar as instalações ardidas. “Os nosso clientes conhecem a J.Guerra onde ela deixou de existir”, refere, notando porém que o apoio de 85 por cento do Estado é positivo, mas insuficiente já que apenas abrange instalações e maquinaria, mas deixa de fora a matéria prima e não contempla as perdas tidas com o produto acabado. “Estamos com garra. Mas quem perdeu 100 por cento, não vai recuperar 100 por cento” refere.

O prejuízo, após o fogo, é na ordem dos 15 milhões de Euros. A empresa ultima a candidatura destinada à recuperação, com um investimento associado de 10 mil milhões. Desde o dia 15 de outubro, tem valido “ a nossa vontade e nossa perseverança para lutar e fazer com que a J.Guerra continue”, refere Paulo Guerra, certo que tal como até aqui, valerá daqui por diante “o fundador, o nosso pai, que nos tem ajudado demais”.

No fatídico dia, Cláudio Guerra ainda tentou, mas não conseguiu, chegar próximo da empresa já tomada pelo incêndio. Paulo Guerra ficou preso no IP3 e só chegou a Oliveira do Hospital na manhã seguinte. Já nada havia a fazer. Recordam que o último trabalho realizado pela empresa foi para um projeto de decoração na embaixada do Qatar na Alemanha. Outros projetos ficaram em carteira. “Esperamos recuperar esses nichos de mercado”, rematam Paulo e Cláudio Guerra.

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