Esta terça feira foi formalizada a parceria, através de protocolo, entre o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a Fundação Aurélio Amaro Diniz (FAAD) e o Município de Oliveira do Hospital, que permite à Equipa de Saúde Mental na Comunidade Pinhal Interior Norte desenvolver a sua atividade num espaço que reúne as condições necessários para a prestação de cuidados na área da saúde mental.
Célia Franco, coordenadora da equipa, considera que hoje foi dado “um passo muito importante na medida em que tratando-se de vários profissionais com necessidades diferente” é preciso um “espaço adequado para que isso aconteça”.
No terreno desde 2015, a equipa que já enfrentou momentos difíceis como os incêndios de 2017 e pandemia, há muito tempo que reclamava por um espaço adequado para desenvolver a sua atividade. Inicialmente alocada ao Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, a equipa chegou a funcionar na Extensão de Saúde de Nogueira do Cravo, encontrando-se agora no novo espaço localizado num edifício situado na zona envolvente ao hospital da FAAD, que em tempos foi a ‘casa do caseiro’.
“Foi muito bom estar no Centro de Saúde com os colegas, mas não nos permitia desenvolver uma série de atividades que estavam previstas as equipas comunitárias fazerem e terem vários técnicos funcionar ao mesmo tempo”, afirmou Célia Franco, momentos após a assinatura do protocolo que decorreu no âmbito do 1º Simpósio sobre Saúde Mental na Comunidade Pinhal Interior Norte: Construindo o Futuro, no salão Nobre do Município de Oliveira do Hospital.
À Rádio Boa Nova, a coordenadora mostrou-se satisfeita pelo novo espaço que é “tranquilo e com sossego” e proporciona uma “serenidade” que permite à equipa fazer o seu trabalho e desenvolver outras áreas.
Para além da conhecida médica psiquiatra, a equipa contou recentemente com o reforço de uma segunda especialista em psiquiatria e é constituída por mais três enfermeiros e uma assistente social. Recursos que por não se encontrarem alocados a tempo inteiro deixam a equipa aquém das necessidades. “Precisamos de profissionais e que os que estão fiquem a tempo inteiro, porque estão a meio tempo”, nota a coordenadora que não desiste de ter na sua equipa “uma psicóloga clínica e um terapeuta ocupacional”. É que segundo adiantou, nesta altura, há um conjunto de 90 pessoas a aguardar pelo agendamento de uma primeira consulta. Do mesmo modo, mantém-se a preocupação de “dar uma resposta cabal aos utentes que já estão a ser seguidos”. “Há áreas que não estamos a desenvolver porque não temos profissionais suficientes”, sublinha.
A importância da resposta encontrada em Oliveira do Hospital foi, esta manhã, destacada pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) Carlos Santos, na medida em que “não são necessárias grandes estruturas de governação e grandes investimentos para fazer acontecer a articulação de cuidados e colocar serviços públicos e sociais ao serviço as populações numa lógica de proximidade”.
Do lado da FAAD, Álvaro Herdade, presidente do Conselho de Administração, mostrou-se muito “orgulhoso e honrado pela concretização do protocolo”, ainda que tenha “demorado alguns anos”. “É muito importante a articulação de estruturas e pô-las ao serviço da população na promoção da saúde mental de Oliveira do Hospital e concelhos vizinhos”, referiu.
José Francisco Rolo, presidente do Município de Oliveira do Hospital encara o protocolo como um reforço da rede de cuidados à população, permitindo que a estrutura, no ano de 2013, tenha melhores condições para prestar cuidados à população. “Melhorar o espaço é melhorar condições para uma primeira avaliação dos doentes”, referiu o autarca.
A equipa de Saúde Mental na Comunidade Pinhal Interior Norte está afeta aos municípios de Oliveira do Hospital, Tábua e Arganil, com um total de 42.410 habitantes. Em “sete anos e quase nove meses” a equipa contabiliza 2.609 primeiras consultas, 10.240 consultas e um total de 3717 utentes. Números que, segundo José Francisco Rolo, justificam a pertinência da intervenção da equipa no território.
Estes são números que segundo Célia Franco não tendem a diminuir, pelo contrário, têm vindo a aumentar, tal como a gravidade dos problemas de saúde mental. “Encontrei aqui doenças muito graves”, algumas das quais a especialista só tinha lido nos manuais de psiquiatria. E também foi neste território que Célia e a sua equipa chegaram a “ir buscar pessoas a cavernas”. De positivo, a coordenadora retira o trabalho em equipa multidisciplinar fora do ambiente hospitalar e como aprendizagem as “toneladas de resiliência”.
No simpósio, que tratou vários temas na área da saúde mental, foi também assinado o protocolo entre o CHUC e a ARCIAL, em jeito de formalização do trabalho de parceria que vem sendo desenvolvido entre a instituição que presta apoio a cidadãos portadores de deficiência e a equipa de saúde mental. Artur Abreu, presidente da direção da ARCIAL referiu mesmo que o objetivo é o de criação de uma unidade sócio ocupacional ligada à área da saúde mental.