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Reino do Pineal: “O rapaz faleceu enquanto tentávamos curá-lo”, afirma líder da seita

Água Akbal Pinheiro, líder da seita Reino do Pineal

Fotografia: Reprodução / Redes Sociais

O bebé que faleceu na propriedade do autointitulado “Reino do Pineal” com 14 meses de idade nunca foi assistido por médicos ou profissionais de saúde, dizem membros ligados à seita à “Visão”. A criança foi cremada depois por aqueles elementos, que atiraram as cinzas ao Rio Mondego, é descrito pela revista. O líder do grupo afirma que fizeram contactos com “médicos e profissionais privados”.

Samsara, que nunca foi registado junto das autoridades portuguesas ou observado por um médico, nasceu em fevereiro de 2021 e terá falecido em março de 2022. Era filho de Água Akbal Pinheiro e Gabriela Luna Pinheiro, identificados como líderes desta congregação espiritual. De acordo com informações confirmadas por fontes ligadas à seita junto da publicação semanal, a gravidez de Gabriela não terá sido acompanhada e o parto não terá tido assistência clínica. A criança não teve também qualquer vacina e com um ano continuava apenas a fazer a alimentação via amamentação.

Numa comunicação enviada à Visão, a comunidade afirma que a mãe da criança permanece ali – “ainda lamentando a morte do seu [terceiro] filho, mas cuidando dos seus outros dois filhos”. Nas declarações enviadas recusam “quaisquer alegações de maus-tratos” e dizem mesmo que “outros três partos já decorreram ali” e “as mães e os bebés estão saudáveis”.

Em declarações à CNN Portugal, Água Akbal Pinheiro dá conta de terem feito contactos com “médicos e profissionais privados”, mas que o rapaz “acabou por falecer enquanto tentavam curá-lo”. Em declarações ao mesmo canal de televisão, afirma que teria “uma doença do fígado”, mas não revela quaisquer detalhes adicionais, o que reservará para o momento em que exista uma investigação oficial. “Na nossa opinião, este é um assunto privado de família. Temos direito à nossa autodeterminação, às nossas práticas e crenças espirituais no caminho da vida, o que inclui o nascimento e a morte”, sublinha.

“Tivemos quatro bebés nascidos nesta terra, com cem por cento de taxa de sucesso, de parto natural, sem intervenção médica ou de médicos. Tivemos doulas e profissionais habituados a partos naturais”, defende.

“Não fomos acusados de violar qualquer lei”, diz Reino do Pineal

Em comunicado enviado na manhã desta quarta (19) às redações, o “Reino do Pineal” agradece a forma como tem sido acolhido “pelo povo de Portugal” e afirma estar grata por a Constituição portuguesa permitir que se exerçam aquilo que definem como “direitos de auto-determinação”. Referem ainda que não pertencem a qualquer movimento político, não representam uma “ameaça para a República de Portugal” ou para qualquer cidadão e não têm como missão impôr as suas crenças a outros.

Afirmam ser “nómadas viajantes com uma vocação espiritual” que escolheram “restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas”. “Estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que atualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha (…) Quando chegar a altura, seguiremos em frente. Entretanto, tencionamos continuar a viver em confiança, de forma legal e pacífica, cuidando da terra onde estamos atualmente instalados”, lê-se no documento. Declaram ainda que não foram formalmente acusados de violar quaisquer leis, dizendo ter respeitado sempre os “costumes de Portugal”, pelo que pedem respeito pela privacidade em prol da “saúde e da segurança das nossas mulheres e crianças da nossa comunidade”.

A Rádio Boa Nova sabe que, nos últimos meses, teria havido várias denúncias sobre os cuidados prestados a crianças e jovens na comunidade, sem acesso a educação ou saúde, que foram encaminhadas às autoridades competentes. A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital sinalizou mesmo estas denúncias junto da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e do Ministério Público.

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