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Padre Borges apela a “um movimento grande” para que “Os Verbos dos Arguinas” consigam um “lugar honroso” (com vídeo)

António Borges de Carvalho, padre no concelho de Oliveira do Hospital, que há 55 anos tomou contacto com os “Verbos dos Arguinas”…

… apela ao voto de todos na candidatura ao concurso das  “7 Maravilhas da Cultura Popular”.

Do mesmo modo que se sente à vontade para falar o dialeto tão característico dos homens que trabalhavam a pedra de forma árdua, é também com convicção que o conhecido padre Borges de Carvalho desafia a que se crie “um movimento grande” para que a candidatura dos “Verbos dos Arguinas”, finalistas regionais, passem à fase seguinte do concurso.

A esta altura, Borges de Carvalho sente-se “muito feliz”. “Nós podemos até nem vir a  ganhar este concurso.  Mas penso que foi uma oportunidade de tentarmos movimentar as águas e levar a muita gente, que até nem conhecia este dialeto, a possibilidade de se interessarem, perguntarem, responderem e telefonarem para que possamos trazer ao de cima está realidade linda que estava a ficar esquecida”, referiu à Rádio Boa Nova.

Até ao momento, são conhecidas 345 palavras e expressões usadas pelos “arguinas”, os homens que trabalhavam a pedra, e que constam de um glossário. “Este é um dialeto dos pedreiros desta região, desde Nogueira do Cravo, Santa Ovaia, até Aldeia das Dez e Avô”, contou o conhecido defensor desta linguagem que “teve vida e ainda tem mas não como antes”. “Tinha porque os homens debruçados sobre as pedras a trabalhar a cantaria dedicaram-se a esta linguagem. As obras eram muito demoradas e entretinham- se a falar e conversar”.

Segundo Borges de Carvalho, “não temos bem clara a origem disto”, mas sabe porém que os arguinas se juntaram e reuniram para ir “melhorando o dialeto”. “E trouxeram ao de cima uma linguagem bonita que se está a perder. O que é pena. Vamos fazer tudo para que se conheça esta linguagem. As pessoas devem telefonar e pode ser um movimento grande que realmente vem trazer a riqueza que é desconhecida da maior parte”.

“Durante o trabalho, eles falavam das realidades do dia a dia e ao mesmo tempo quando se aproximava a uma pessoa ignorante (deste dialeto), eles falavam, gozavam. Para se fazerem entender usaram esta linguagem, até para reclamar os direitos. E quando uma rapariga passava junto deles, lá vinha uma palavra ou outra mais brejeira”, contou.

António Borges de Carvalho domina a linguagem de que tomou conhecimento há 55 anos, quando chegou à região que mal conhecia. “Teria lido um ou artigo do Dr. Vasco de Campos que foi um homem que se interessou. E como também lidava com pedreiros eu tive necessidade de aprender para poder responder”, explicou.

A esta altura e a caminho dos 81 anos, Borges de Carvalho conhece e é capaz “de falar e conversar”. “E de me rir um bocadinho com eles”, frisou.

Para a preservação do dialeto, o padre Borges procurava “ conversar e chamar este assunto para motivar as conversas que nós tínhamos”. “No sentido de preservar tentei fazer uma banda desenhada para os miúdos da escola se irem familiarizando. Organizei este livro “Verbos dos Arguinas”.

“Fazemos um apelo forte, insistente e persistente para que façam telefonemas (pelo número 760 207 791), de modo a que tenhamos um lugar honroso neste desafio que nos é feito”, apelou. A votação decorre até ao dia 22 de julho.

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