“São seis fundamentos morais que moldam as preferências políticas: cuidado, justiça, lealdade, autoridade, liberdade e pureza. Esses valores, ativados por fatores culturais e evolutivos, influenciam diferentemente as escolhas políticas”, Jonathan Haidt, psicólogo social
I – Porque tendemos a votar no mesmo?
Um “truque” que utilizamos para simplificar o nosso dia a dia, no confronto com os problemas e compromissos assumidos, é agarrarmo-nos a rotinas e hábitos.
Uma das nossas maiores “defesas” é tornarmo-nos prisioneiros da repetição.
O hábito não é bom nem mau. Contudo, uma mente entrincheirada no hábito – que a maioria de nós utiliza – tem de viver sempre no MEDO.
Ao dizer hábito, não me refiro apenas às ações repetitivas, mas às ações de conveniência, os hábitos em que se cai numa certa forma de relacionamento, como o conjugal, como o das relações de trabalho, como os que se estabelecem com a comunidade.
Daí a maioria das pessoas simplesmente votar no partido político em que votou da última vez. Porquê?
Porque as decisões políticas não são exclusivamente racionais, mas são fortemente influenciadas por fatores inconscientes e fortes emoções, como medo, lealdade, opressão, degradação, engano, …
Evitamos gastar neurónios a pensar, a refletir, ao votarmos no candidato que compartilha alguns dos nossos valores mais “sagrados” (filiação partidária, religião, Irmandades, trabalho, futebol…).
Fazemo-lo por medo ou por uma questão de lealdade, algo que nos é caro, porém nestes casos confunde-se lealdade com fidelidade. Fiel é o cão, como dizia o outro!
Por isso, para não darmos erradamente o nosso voto, devemos preocupar-nos mais com as capacidades do candidato para trabalhar nas questões mais importantes do nosso Concelho, do que apenas votar no nosso interesse pessoal.
Confiamos demais nos nossos valores sagrados ao interpretar situações políticas, como são as eleições autárquicas, e ignoramos as consequências das nossas escolhas.
Depois lamentamos a degradação do sistema político, a insuficiente preparação técnica e ética e a incapacidade dos políticos em bem servir, ao invés de apenas se servirem dos cargos públicos.
Ignoramos as consequências das nossas escolhas e fugimos a desempenhar o nosso melhor contributo para o concelho de Oliveira do Hospital.
Vamos ter, brevemente, eleições autárquicas que, quer se queira ou não, são importantes para as nossas vidas.
Precisamos de saber escolher não só entre o velho e o novo, mas também entre o passado e o futuro e entre predadores e lutadores.
Precisamos de ter a liberdade, a coragem, a vontade em escolher aqueles que mais garantias nos dão para um mundo melhor, de mais progresso, de mais inovação, de mais desenvolvimento económico, de mais e melhor Servir o Povo do nosso Concelho de Oliveira do Hospital.
NB
Neste tempo de eleições autárquicas permiti-me escrever quatro artigos. No próximo artigo abordarei o tema:
“Porque temos comportamentos conservadores?”
Carlos Brito
Setembro,2025