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Opinião: A importância de recuperar a calma e a serenidade nos dias de hoje

Saúde é um estado de completo bem-estar físico, psicológico e social do ser humano, e não apenas a ausência de doença física, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A nossa vida nem sempre é fácil, por vezes surgem dificuldades e desafios que temos  de superar. O ser humano tem uma certa dificuldade em “aceitar” as coisas como são,  tem uma enorme necessidade de “controlo”, mas, de facto, a vida não é feita “à nossa  medida”. O mundo atual, tão ambíguo e complexo, é vivido por muitas pessoas como  uma “ameaça”, tendo aumentado vertiginosamente o aparecimento de transtornos mentais. Recentemente, a COVID-19 não trouxe só uma crise de saúde física, mas  também de saúde mental.

As incertezas, a preocupação por contrair uma doença grave (COVID-19 ou outras), e  o medo pela perda de entes queridos foram os itens, segundo alguns estudos realizados na população, que parecem ter contribuído para aumentar os casos de stress e  ansiedade. O stress é uma reação de alerta e ativação perante qualquer situação na  qual, para dar resposta, teremos que incrementar a nossa atividade cognitiva, fisiológica  e de conduta. As reações de stress englobam várias respostas emocionais, especialmente de ansiedade. Nestas reações são libertadas hormonas como adrenalina e cortisol, que levam a um estado de alerta constante, podendo causar sintomas físicos como palpitações, sensação de pressão no peito, nó na garganta, falta de ar, tremores, suor frio e irritabilidade. São reações naturais, adaptativas ao entorno, porém, quando  se prolongam durante muito tempo e/ou são excessivas, podem trazer consequências negativas à nossa saúde física e mental. Hoje em dia, sabemos que por detrás de muitas  doenças estão fatores importantes e nem sempre muito valorizados, as emoções, o  stress e a ansiedade, cuja origem, em grande parte, está nos nossos pensamentos, na  nossa perceção do mundo e na nossa atitude. A maior parte da ansiedade é provocada pelo nosso “mundo interior”.

Hoje em dia sabemos, fruto de diferentes investigações, que quando uma pessoa vive  continuamente stressada e ansiosa, pode sofrer afetações no sistema digestivo, cardiovascular, imunológico, alterações da pele, cansaço, agressividade, problemas de  sono, consumo excessivo de açúcar, álcool, café e até alterações a nível cerebral.

Segundo estudos de neuroimagem, mostram como em situações de stress crónico, podem ver-se reduzidas, em tamanho, certas áreas do córtex pré-frontal, amígdala e  hipocampo, como consequência da morte neuronal, áreas relacionadas com a  regulação das emoções, a memória e a aprendizagem. Assim, pessoas stressadas  podem ter maior dificuldade em se concentrar, para recordar (memória a curto-prazo), para tomar decisões e fazer planos de futuro. Há uma menor produtividade, criatividade e prejudica em muito as relações interpessoais.

Portugal é o quinto pais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento  Económico), que mais consome medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, tendo  aumentado durante a pandemia a venda destes medicamentos de automedicação.

Atualmente, sabemos que não é transversal a todos os casos a necessidade destes tipos de medicamentos, podendo recorrer a outras formas de tratamento mais naturais, mudança de hábitos e outros meios de apoio, sem necessidade de recorrer a químicos.

Mudaremos a nossa “estratégia”, se queremos que mude algo da nossa vida, como a nossa alimentação, a nossa rotina de exercício físico, dormir bem, apreender a questionar os nossos pensamentos, a focarmos no essencial, procurar o lado positivo das coisas.

O Mindfulness, conceito que deriva da antiga meditação budista, tem como filosofia viver plenamente cada momento presente de forma consciente e sem qualquer  autojulgamento. Ajuda-nos a ver o “mundo real”, uma relação mais saudável com o que  está a acontecer nas nossas vidas, a ver e a aceitar as coisas como realmente são.

Através de uma série de estratégias conseguimos evitar focarmos nos pensamentos  negativos que se perpetuam na nossa mente, tornando-nos mais otimistas, mais  relaxados, com maior entusiasmo e energia perante a vida.

A Homeopatia, para os quadros de stress e ansiedade, tem resultados positivos  significativos, é facilmente acessível, segura e sem os efeitos colaterais que por vezes observamos nos medicamentos ansiolíticos. A prescrição cuidadosa por um médico  homeopata é a chave para garantir a escolha do medicamento adequado para cada caso. Entre os medicamentos mais prescritos nos casos de stress, encontramos o Gelsemium 15CH, Argentum nitricum 15CH, Ignatia amara 15CH ou Aconitum napellus 15CH, prescritos consoante os sintomas e as sensações que predominem em cada caso.

A vida nem sempre é um mar de rosas, nem sempre é fácil, mas temos que ter uma  atitude ativa no sentido de nos focarmos no que realmente importa, definir prioridades, o que para nós é relevante, para quando chegar o final da nossa vida e olharmos para trás, verifiquemos que na verdade, “vivi como quis viver”.

Viver com paixão, com entusiasmo e com fé na nossa incrível capacidade de adaptação e de superação.

Artigo de opinião assinado por:
Dra. Maria Alfaro, Médica Pediatra

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