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Oliveira do Hospital recordou “tudo o que o 25 de Abril ofereceu” e reforçou a “batalha” do interior com a “descentralização”

Foto Arquivo

A recordar “tudo o que o 25 de Abril de 1974 ofereceu ao país”, Oliveira do Hospital assinalou a efeméride com intervenções das diferentes forças políticas com assento na Assembleia Municipal. Apesar de se apresentarem com ideologias diferentes, a defesa por uma “descentralização séria” foi unanime para os partidos.

Para o presidente do Município, há motivos para “celebrar de forma efusiva” o 25 de Abril. José Francisco Rolo destacou o caminho percorrido até aos dias de hoje, nomeadamente na questão da justiça social, considerando que é preciso “trabalhar mais e melhor para cumprir abril”. A defender que “há um compromisso com o passado”, o autarca assumiu que “é uma honra viver num concelho que celebra, desde 2010 e sem reservas, o 25 de Abril”.

Com consciência que “as Câmaras Municipais são o porto de abrigo dos mais vulneráveis”, José Francisco Rolo questionou “como é que se pode fazer mais com menos”, referindo-se à transferência de competências para as autarquias, que significa “mais responsabilidades com menos recursos”.

“A liberdade continua a ser a causa maior pela qual vale a pena lutar. Só em liberdade e com democracia é que há a verdadeira justiça e autonomia dos poderes. Em Portugal, por mais que muitos tentem agitar sombras, o 25 de Abril continua a ser uma luz”.

No dia em que se comemora 48 anos do “fim da censura e do medo”, o presidente do Município sublinhou que “não vivemos num país perfeito”, que “estamos a atravessar uma crise mundial” e que “há vários problemas para resolver” como “o aumento do custo de vida”.

Considerando Portugal “uma nação bem integrada e respeitada no seio da União Europeia, que é solidária com os outros povos e territórios sem olhar a meios”, José Francisco Rolo defende que o mesmo acontece em Oliveira do Hospital. Exemplo disso é a integração de mais de duas dezenas de refugiados ucranianos que “aqui encontraram paz e já aprendem a língua portuguesa”. 

A defender que “é preciso continuar a acender a vela do 25 de Abril”, José Carlos Alexandrino, presidente da Assembleia Municipal e também deputado da Nação, referiu que “muito foi feito, mas há ainda muito a fazer”. “Falta muito para sermos um país mais evoluído”, disse, alertando para o facto de se terem “criado dois países dentro do nosso próprio país: o interior e o litoral”. O anterior autarca de Oliveira do Hospital observa, assim, que “um dos principais problemas do país é a demografia” que prejudica “os países de baixa densidade”. Acredita, por isso, que “é preciso inverter essas políticas e sonhar com um país com mais dignidade”.

Do lado do CDS-PP, Rafael Dias começou por afirmar que “celebrar o 25 de Abril é celebrar a liberdade e a democracia” mas rapidamente lamentou o facto de “metade do povo português não participar na democracia”. “É grave e deve ser resolvido”, frisou o presidente de junta de freguesia mais novo do país, que acredita que “a batalha dos autarcas do interior” é a “descentralização e regionalização” que devem ser feitas “com verbas sérias”. “Devemos encarar este desafio de frente. As pessoas têm de saber que têm poder local próximo”, afirmou.

A representar a CDU e visivelmente emocionado, João Abreu relatou o que viveu a 25 de Abril de 1974 após ligar a Rádio Clube Português. Deste dia fica a memória da “explosão de alegria nas ruas” pelo “fim da injusta e sangrenta guerra colonial que ceifou a vida a 30 mil jovens portugueses e deixou mais de 500 mil com traumas da guerra”. Da efemérida destaca a “conquista pelo poder local democrático” que “permitiu, pela primeira vez, eleitores serem candidatos, eleger e serem eleitos para a Câmara Municipal e juntas de freguesia”.

Francisco Rodrigues, a discursar pelo PSD, destacou as conquistas alcançadas após o 25 de Abril mas, a esta altura, “quase 50 anos depois, o sentimento é misto”, questionando se “fizemos tudo o que em 48 anos poderíamos ter feito”. Do longo caminho que Portugal fez desde o fim da ditadura, o vereador da oposição na Câmara Municipal destacou o “direito à liberdade de expressão, aos direitos sociais, à saúde, à educação, à cultura e à qualidade de vida”. Por outro lado, reconhece “o quão longe estamos de ser uma sociedade justa”, onde há “défice de concretização” e é necessário “mais pragmatismo”. “Celebrar o 25 de Abril pede-nos firmeza ideológica. Temos que voltar a dar primazia à liberdade. Temos que olhar para o passado para sabermos o que não queremos repetir”, afirmou, depositando confiança nos jovens que são o “futuro do país”.

Com o “privilégio de ter nascido em liberdade e em democracia”, mas “filho de uma geração que viveu privações da ditadura”, Ricardo Figueiredo (PS) começou por dirigir um “sincero e sentido obrigado aos Capitães de Abril por nos terem libertado das amarras do fascismo e que lutaram por um país livre”. O socialista afirmou que “cabe-nos a nós continuar o trabalho iniciado em abril de 1974, na construção de um Portugal livre, democrático, justo e com igualdade de oportunidades para todos”. “Cumprir abril é garantir que o nosso país e o nosso concelho tenham futuro em liberdade, em democracia, com desenvolvimento”, defendeu.

A cerimónia contou, ainda, com momentos musicais protagonizados por Júlio Pereira e a dupla Raquel Paixão e Tiago Oliveira.

Antes da cerimónia, as bandeiras foram hasteadas ao som do Hino Nacional, interpretado pelo Coro Infantojuvenil e Coro Juvenil de Sant’Ana.

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