Site icon Rádio Boa Nova

Oliveira do Hospital entregou mais 17 habitações recuperadas após o grande incêndio de 15 de outubro

Ontem, cumpriu-se, em Oliveira do Hospital a entrega de 17 chaves das habitações que foram recuperadas ao abrigo …

… do Programa de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente. Até ao final de Julho deverão ficar concluídas as últimas quatro casas.

Oliveira do Hospital foi o concelho, do conjunto de 38 municípios afetados, com maior número de habitações destruídas pelo grande incêndio de 15 de outubro, sendo que um total de 121 ficaram enquadradas no Programa de Apoio à Reconstrução. Em fase de execução estão ainda oito casas, sedo que quatro têm a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) como dona de obra as restantes são da responsabilidade dos proprietários, mas com o apoio da CCDRC. O apoio do governo à reconstrução de habitações em Oliveira do Hospital é de 8, 2 milhões de Euros.

Em declarações à Rádio Boa Nova, o presidente do Município de Oliveira do Hospital mostrou-se satisfeito pela entrega das 17 casas, mas notou que “ainda não encerrámos o ciclo completamente”. Passado ano e meio após o grande incêndio, José Carlos Alexandrino destaca o grande trabalho realizado pela CCDRC, pelo gabinete da Câmara Municipal e presidentes de Junta. O sentimento é de “tranquilidade e consciência de dever cumprido”. Mas, o autarca lembra que foi “uma luta muito grande, porque as pessoas estavam à espera da casa e nós queríamos que tivesse sido mais rápido. Mas houve problemas com a titularidade das casas e dos registos”.

Do conjunto dos 38 municípios afetados e que, ontem também se reuniram em Oliveira do Hospital,o concelho oliveirense é o que está “mais à frente” no processo de recuperação. “Nunca deixámos as pessoas à sua própria sorte, gostaria sim que fosse mais rápido”, referiu José Carlos Alexandrino, verificando que bastaria olhar para as pessoas para perceber que houve sempre “uma grande cumplicidade”. “Sinto-me hoje mais feliz do que me sentia ontem”, confessou o autarca, revelando-se também, satisfeito por ter sido possível entregar casas melhores do que eram antes, situação que está no enquadramento da lei. “Demos casas com dignidade, tal como consta da Constituição”, referiu, lamentando que pelo menos duas senhoras tenham perdido os seus maridos, antes que as casas fossem recuperadas. “Uma viúva disse-me que anda de bengala e que, quando chegou à casa nova, deixou a bengala e começou a andar sozinha. Isto diz muito”, referiu.

Presente na entrega das chaves e na assinatura dos respetivos documentos, a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, assegurou que a preocupação foi o de encontrar um teto para os que perderam as casas e com maior dignidade. “A lei previa que melhorássemos as vossas casas. Nós tínhamos casas que não tinham casa de banho e tinham um quarto que não se podia chamar quarto. Está previsto na lei aumentar as casas e voltávamos a fazê-lo. Mas as pessoas de Lisboa não sabem”, explicou, desejando a todos que “tenham muita saúde para gozar as vossas casas e que, este momento os ajude a ultrapassar o que viveram”.

Ana Abrunhosa referiu-se ainda à situação das empresas, lembrando que se candidataram ao programa de apoio um total de 98 empresas . “Estas empresas não fecharam as portas, continuaram a laborar”, referiu, revelando que o apoio do Estado dirigido à recuperação das empresas do concelho é da ordem dos 17 milhões de Euros, num valor elegível de 20,5 milhões de Euros em investimento. “Já pagámos às empresas de Oliveira do Hospital quase nove milhões”, referiu, explicando que ainda não foi pago mais, porque há empresas em que o processo de recuperação está a ser mais demorado, dado o grau de destruição. Deu o exemplo da J.Guerra, na Zona Industrial de Oliveira do Hospital, que registou prejuízos de 13 milhões de Euros.


Ana Maria Batista, de 52 anos e Esperança Santos Costa, de 57, integraram o grupo de proprietários a quem foram entregues as casas recuperadas.  “Foi algo difícil, mas graças a Deus já estamos mais ou menos”, contou Ana Maria Batista que perdeu a casa que tinha na Quinta da Porfia , na freguesia de Seixo da Beira. A mulher, viúva, partilha a habitação com o filho, a nora e dois netos. Esperança Costa, na mesma freguesia, perdeu tudo e só não perdeu a filha e um neto “por milagre”. Valeu-lhe a generosidade das pessoas amigas. Já está na casa nova desde o dia 25 de maio. “A casa é melhor”, referiu à Rádio Boa Nova a mulher que compreendeu a demora, até porque a sua casa não estava registada. “Nunca fiz pressão com ninguém. Tinham que ser uns atrás dos outros. O senhor presidente da Câmara foi incansável”, afirmou.


Entre o grupo de 17, estava também Germano Marques, idoso morador na localidade de Parceiro, na freguesia de S. Gião, que numa recente reportagem da TVI, de Ana Leal, era indicado como uma das vítimas a quem não estava a ser reconstruída a habitação.

Ontem foram entregues as casas aos seguintes proprietários:

Maria Luísa Dinis , Aldeia das Dez;
César Rosa Alves (Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira)
Raúl Dinis Nascimento (Seixo da Beira)
Maria Helena Gomes Gonçalves da Costa (Seixo da Beira)
Agnelo José Gomes Vieira (Meruge)
Francisco António Martins Vicente (Bobadela)
Laura da Conceição ( Nogueira do Cravo)
Isaura da Ascensão da Silva (S. Gião)
Arminda Mendes ( Penalva de Alva e S. Sebastião da Feira)
Daniela Markert (Travanca de Lagos)
Maria da Conceição Pereira  (Travanca de Lagos)
Ana Maria Pereira Fernandes Batista (Seixo da Beira)
Nelida das Dores Monteiro de Campos Gomes (Seixo da Beira)
Germano Mendes Marques (S. Gião
Heinz Fuess (Nogueira do Cravo)
Manuel Pedro Mendes (S. Gião)
 Niall Mackenzie (Lagos da Beira e S. Gião)

Exit mobile version