O presidente do Município de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, disse hoje, em entrevista na Rádio Boa Nova, que a Festa do Queijo online, que vai decorrer entre 13 de março e 13 de abril, “não é uma festa só para dizer que se faz a feira”. A dar conta da forte aposta em publicidade, tal como se de uma feira presencial se tratasse, o autarca oliveirense referiu que o objetivo é mostrar às pessoas, que tinham por hábito visitar a Festa do Queijo, que “a feira não morreu e continua a existir”.
Desde que é presidente do Município de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino elegeu sempre a Feira do Queijo como o principal veículo de afirmação do concelho, num caminho que considera “muito bem conseguido”.
“Olhando para trás, era uma das coisas que eu faria da mesma maneira, porque os resultados foram enormes”, referiu o autarca, mostrando-se confiante de que “nestes tempos de dificuldade há de haver um amanhã”. “E nós temos uma estratégia para o amanhã”, asseverou o autarca, que promove pela última vez o certame como presidente do Município, por estar já a concluir o terceiro mandato autárquico.
A Festa do Queijo vem sendo também uma forma de os produtores de Queijo Serra da Estrela escoarem os seus produtos. Com o modelo online, José Carlos Alexandrino admite “que seria utópico” achar que se vai registar o mesmo volume de vendas. “A feira presencial nada a substitui. Aquilo em que acreditamos é que, com esta dinâmica toda, poderemos dar um contributo, uma pequena ajuda aos nossos produtores”, referiu, considerando que se forem atingidos “50 por cento (em vendas) é um passo positivo”, já que o certame online tem o objetivo de, quando regressar ao formato presencial, “fazer com que aqueles que se fidelizaram não nos abandonem, porque a feira continua”.
A pandemia afetou gravemente todos os negócios de Oliveira do Hospital, de um modo geral, assim como o setor do queijo, dada a dificuldade em colocar o queijo à venda. Para atenuar as dificuldades sentidas pelos produtores, José Carlos Alexandrino disse que o Município atribuiu um subsídio para as despesas de certificação. “Este setor tem grande importância para o nosso concelho pela sua qualidade, já que é fundamental preservar o queijo Serra da Estrela como o melhor queijo do mundo”.
Em entrevista alargada, o presidente do Município de Oliveira do Hospital considerou que depois dos incêndios de 15 de outubro de 2017 e agora com a pandemia “não tem sido fácil para quem está à frente dos destinos da Câmara Municipal porque trouxe-nos problemas de difícil resolução”.
José Carlos Alexandrino partilhou a preocupação que o assola “em todos os momentos”, em torno da “área do têxtil e o pequeno comércio”. “A indústria têxtil, que tem um número considerável de trabalhadores, está sem encomendas. Eu falo com os empresários, vejo as dificuldades deles, que me dizem que se não despedirem alguns trabalhadores a empresa pode ir ao fundo”, referiu.
“Os números do desemprego vão disparar. Eu tenho certeza disso, com dados que tenho e conversas que vou tendo com os empresários. Vai ser uma realidade nova no concelho. Na fase terminal deste mandato ainda vou ter aqui (este problema)”, lamentou o autarca, recordando que, “no tempo da Troika” chegou a “receber, numa quarta-feira, 80 e tal pessoas”. “Eu tinha sempre a Câmara Municipal cheia de gente e foi um esforço enorme em ajudar a resolver problema”, contou.
Na Rádio Boa Nova, Alexandrino não admite que haja empresas na eminência de encerrar, mas que “se vão ter de reestruturar por não terem encomendas”. O autarca mostrou-se ainda preocupado com “os restaurantes, cabeleireiros, pequenas lojas, prontos a vestir…”. “Todos os pequenos negócios sofrem, nesta altura, uma erosão brutal e as pessoas não sabem quando é que vão começar a trabalhar e quando é começam a recuperar. Isto é dramático”, vincou.
É já no final do verão que José Carlos Alexandrino termina o seu percurso enquanto presidente do Município de Oliveira do Hospital. A favor da “limitação de mandatos”, Alexandrino disse na Rádio Boa Nova que não vai ser “saudosista”, nem se vai sentir “angustiado por deixar o poder”.
Mostrou-se satisfeito por, até ao final do mandato, Oliveira do Hospital integrar o projeto de “10 telefilmes” com 10 mulheres, em 10 concelhos diferentes do país. Anunciou também que vai inaugurar, no dia da Mãe, um monumento de homenagem a todas as mães do concelho, incluindo a sua própria mãe já falecida.
Já sobre o que não vai conseguir realizar, Alexandrino referiu o IC6, que acredita que vai ser concretizado pelo próximo executivo até Folhadosa, no concelho de Seia, até 2026. “Este Programa de Recuperação e Resiliência tem 39 milhões para o IC6 até Folhadosa”, frisou, considerando que a obra “já vem demasiado tarde”, mas “tarde é aquilo que nunca chega”.
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