Na rubrica “10 Minutos para a Comunidade, realizada esta manhã na Rádio Boa Nova em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa, a psicóloga Inês Carolina Ribeiro, centrou-se no tema do bullying, para explicar o que é, as consequências e o que deve ser feito pelos pais e comunidade escolar para proteger a criança e promover o anti bullying.
Este é um assunto na ordem do dia e a Coordenadora Nacional de Saúde Mental e Apoio Psicossocial da Cruz Vermelha, considerou mesmo estar-se a assistir ao “fenómeno crescente” do cyber bullying, em que são utilizadas as redes sociais ou grupos do WhatsApp para humilhar algum colega.
“Temos desde comportamentos verbais, chamar nomes, perseguir, bater e depois a questão mais social de envergonhar a criança em relação aos outros. E até coisas tão simples como excluí-la de atividades e trabalhos de grupo, de festas de aniversário e também de brincadeiras, se for de forma sistemática. A criança tem que lidar com a rejeição, porque está ali naquele espaço a ser rejeitada”, explicou a psicóloga Inês Carolina Ribeiro.
Esta manhã, a especialista avisou, por isso, que “os pais são a chave para identificar se os filhos estão a ser vítimas de bullying, devendo estar atentos a alguns sinais”.
“As crianças habitualmente não pedem ajuda por vergonha ou por medo de retaliação, mas também porque, às vezes, não aceitam aquilo como sendo bullying, porque acham que faz parte de crescer”, explicou Inês Carolina Ribeiro, referindo que “os pais tem um papel importante em identificar, notando que a criança está mais triste, abatida, mais irritada, não quer ir à escola e, principalmente, de domingo para segunda, tem mais dores de barriga ou queixa-se de dores no corpo”. Segundo a especialista “as dores podem existir mesmo, porque podem estar muito relacionadas com a ansiedade e receio de, no outro dia, ir para a escola”. Esta pode ser “uma estratégia para evitar ir à escola, mas muitas vezes as dores existem e são verbalizadas pela criança”.
Esta manhã, a psicóloga da Cruz Vermelha Portuguesa alertou para as consequências do bullying na criança e formação da sua auto estima, havendo mesmo situações em que “o bullying extremo pode gerar um suicídio”
“Tivemos há uns anos uma situação de um menino que se suicidou em Portugal. Vamos vendo muito isto nos Estados Unidos, mas em Portugal também acontece”, alertou no espaço “10 Minutos para a Comunidade” a especialista, verificando também que “a própria construção da auto estima da criança acaba por ficar comprometida ao longo do tempo, porque se sistematicamente é agredida e humilhada, como é que vamos gerar um adulto saudável”.
“Portanto, o pai e a mãe têm que criar o espaço confortável para a criança denunciar esta situação e protegê-la, não é desvalorizando e dizer que ‘eu também fui assim, eu também apanhei”. Numa situação assim, “a criança vai ouvindo isso, uma ou duas vezes, e se os pais desvalorizam, nas 10 vezes em que acontece (bullying), a criança percebe que a casa não é o porto seguro para fazer aquela partilha, porque daquele lado ninguém a está a ouvir”. É, por isso, “muito importante envolver os pais e a comunidade escolar nestas ações de antibullying e proteção da criança”, considerou a psicóloga Inês Carolina Ribeiro.
Confira no vídeo a rubrica “10 Minutos para a Comunidade” na íntegra: