Uma desgraça não é um acontecimento, é uma desgraça. Ponto. Até a ironia é desgraçada: por uma vez, o que marcou o ano no país foi o que queimou a vida do país, de que o país se esquece.
Em 2017, o País económico melhorou: menos desemprego, menos juros, menos dívida, menos défice.
Em 2017, o País real, ardeu.
Uma desgraça, com dois atos: antes das férias e depois das férias.
Uma vergonha, que se repetiu, que nos feriu: falhou tudo, ardeu quase tudo.
Perderam-se vidas – mais de 100!!! – perdeu-se a vida – centenas de pessoas ficaram sem nada – pintou-se o futuro de negro – o verde da floresta, escureceu.
Oliveira do Hospital foi primeira página, pela perda, pelas perdas, pelo inferno que viveu sob o furacão do fogo.
O Interior envelhecido, rural, deserto, mal cuidado, abandonado, vive agora a pedir ajuda para Renascer.
Os que podem ajudar, os que são obrigados a ajudar, fazem visitas.
A chama dos afetos está a apagar-se.
Em 2018 vamos ter, de novo, um 15 de Outubro. Um ano depois, o Interior estará a morrer ou a Renascer?