O especialista Carlos Antunes referiu, esta tarde, na Rádio Boa Nova que à semelhança do que acontece no país, também no concelho de Oliveira do Hospital os números que foram divulgados ontem (165 ativos) “estão subavaliados”. O professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa estima que “nos próximos números sejam detetados mais casos que não foram detetados”.
“Tendo havido uma diminuição da testagem é natural que Oliveira do Hospital registe um número baixo. Quando as pessoas de Saúde Pública forem, novamente, para o terreno testar as cadeias de transmissão vamos detetar casos que não detetámos nos dias de Natal e os que resultaram dessas contaminações”, explicou o especialista no espaço semanal de análise à pandemia da Covid-19.
Atendendo aos números divulgados ontem pelo Município (165) e que hoje já foram atualizados para 173, Carlos Antunes considera que “não nos devemos precipitar” em considerar que “os números baixos de 165 “ são um efeito das medidas, “até porque as medidas levam algum tempo a ter efeito”. Devido à diminuição de testagem nos últimos dias, Carlos Antunes observa que “os números estão enviesados”. Por isso, “as pessoas devem manter medidas de vigilância e proteção individual. Só mantendo as medidas é que podemos baixar” . Para o especialista, “é fundamental que os números baixem muito”, já que “manter números elevados é ponto de partida para terceira vaga, que pode depois ser difícil de controlar”.
No dia em que Portugal quase duplicou o número de casos (6049) comparativamente ao dia de ontem (3336), Carlos Antunes esclarece que a “a diminuição de casos no período natalício deve-se à baixa atividade laboratorial e recolha de amostras”, situação que não aconteceu só em Portugal, mas também em todos os países. “Isso repercute-se também no número efetivo de diagnósticos. Na semana anterior ao Natal eram diagnosticados 25 mil casos por semana, e na semana do Natal fora diagnosticados cerca de 20 mil. Houve um défice de cinco mil que agora estão a ser debitados”, referiu.
Na Rádio Boa Nova, Carlos Antunes frisou que devido aos contactos e maior mobilidade no Natal haverá um aumento do número de casos. “É expectável que amanhã, que reporta os dados de hoje, sejam publicados entre cinco mil a seis mil novos casos”, explicou, alertando também que se espera “o sinal da terceira vaga que já começou a ocorrer em outros países europeus”. “Nós certamente não seremos imunes assim”, observou, notando que “com este nível de hospitalizações (2896) e de óbitos (média diária de 75), a “terceira vaga poderá ter um impacto superior à segunda vaga”.
O especialista disse também que há “alguma preocupação com a segunda variante do vírus” que foi detetada em Inglaterra e tem já 18 casos confirmados na Madeira”. Dos estudos realizados, Carlos Antunes verifica que “a variante não tem uma letalidade maior que a anterior, mas o facto de ser mais infecciosa vai aumentar a incidência e a pressão nos hospitais”. Acrescenta que “no pressuposto de a variante estar a circular no continente pode desencadear um aumento de 40 a 50 por cento do número de casos”. Carlos Antunes referiu que “um dos casos que chegou à Madeira partiu de Lisboa”, pelo que “o Instituto Ricardo Jorge não se espanta que a variante já esteja no continente”
Quanto à eficácia da vacina em casos em que seja diagnosticada a segunda variante, Carlos Antunes disse que “não há grande preocupação”, porque “a tecnologia permite, em poucas semanas, alterar a vacina caso não seja eficaz”. “Há alguma segurança. Também no que respeita à severidade da variante não é motivo de preocupação, mas sim a capacidade de esta variante se replicar”, informou, referindo que a segunda variante é também mais infecciosa entre crianças.