O IC6 foi o assunto marcante do Dia do Município que, ontem, se comemorou em Oliveira do Hospital, com a presença do Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que pôs a nu “a grande dívida” que existe “para com o interior” em matéria de acessibilidades. Foi mais longe ao defender que “no dia em que se inaugurar o IC6, o que se faz é justiça a um povo, é justiça a quem trabalha e faz esta terra todos os dias. É justiça não é favor”.
Presente na cerimónia a convite de José Carlos Alexandrino, presidente da Câmara que está a concluir o terceiro mandato autárquico, sem que tenha conseguido ver concretizada a obra do IC6, Pedro Nuno Santos veio a Oliveira do Hospital dar como certo o avanço da IC6, informando que porém que “vamos ter que novamente submeter a avaliação de impacto ambiental”. “Já teve declaração de impacto ambiental que caducou”, afirmou o governante, sem avançar, contudo qualquer data para a construção do IC6.
Atendendo aos “avanços e recuos” em torno da desejada obra, Pedro Nuno Santos compreende que os mesmos “vão minando a credibilidade que as pessoas têm de qualquer governo”. E também avisou que “neste momento, o ciclo de investimentos em Portugal é um inferno” e que “os processos de investimento público são muito demorados. “É um inferno até conseguirmos ver obra”, frisou.
Pedro Nuno Santos aconselha, por isso, “muito cuidado nos anúncios que vamos fazendo”, porque Oliveira do Hospital “já está escaldado”.
A participar no Dia do Município, o governante defendeu que os oliveirenses se devem “comportar como povo do interior, como estes empresários resilientes que enfrentam as adversidades”. “Temos que ser resilientes, para garantir que não vamos falhar ao povo de Oliveira do Hospital e só vir cá quando formos inaugurar a obra”. Deixou a certeza: “Eu e o José Francisco Rolo vamos fazer questão que o José Carlos Alexandrino esteja na inauguração do IC6”.
Foi a perceção de que “é possível confiar” na palavra do Ministro que levou o presidente da Câmara a convidar a sua presença no dia do Município. “Adepto” de Pedro Nuno Santos pela sua “coragem” e por “mostrar que não tem medo em resolver os problemas”, José Carlos Alexandrino vê no governante um aliado para a concretização do IC6 “que está há demasiados anos parado a 10 quilómetros de Oliveira do Hospital”.
“Desde o início do meu mandato, a 3 de novembro de 2009, uma das lutas mais duras que travámos foi a construção do IC6. É verdade que vi sempre pouca vontade política dos governos do PSD e do PS de fazerem o IC6. Eu fiz milhares de quilómetros para o Ministério das Infraestruturas, mas nunca passou de uma promessa”, partilhou o autarca, notando que “ o IC6 não é uma coisa para termos aqui, é uma coisa que sirva os meus empresários, as minhas gentes e que ajuda a salvar vidas para chegar mais depressa aos Hospitais Centrais de Coimbra”.
Numa cerimónia “ cheia” em que a CIM da Região de Coimbra se fez representar com grande parte dos seus autarcas, Alexandrino partilhou que “desde o início que o Sr. Ministro se interessou por este assunto (IC6)”. Contou que “neste momento decorre audiência prévia de relatório preliminar da análise, para aquisição de serviços, para a elaboração do projeto de execução do lanço Tábua- Nó de Folhadosa” e recordou que “há também a resolução de Conselho de Ministros, de maio, onde está o compromisso de realização desta obra”.
Ainda que “em Oliveira do Hospital haja poucos que acreditam que este IC6 vai ser uma realidade”, José Carlos Alexandrino disse que acredita porque tem trabalhado esta matéria com o Ministro Pedro Nuno Santos. A confiar no governante, o autarca oliveirense disse até ter desafiado os deputados do PSD ao seguinte: “ se o IC6 não estiver feito até 2026 eu ajoelho- me aos pés deles e peço perdão porque os enganei, mas se estiver feito até 2026, eles que se ajoelhem aos meus pés e que me peçam perdão.” “Vamos ver quem é que vai ter que se ajoelhar”, desafiou, recordando que “esta tem sido uma luta desigual, mas como diz o povo, mais vale tarde do que nunca”.
A presidir pela última vez à cerimónia do Dia do Município, José Carlos Alexandrino não fez ontem o “ultimo discurso”, que reserva para 19 de outubro, dia da tomada de posse dos novos órgãos autárquicos. Mas, ontem, voltou a contar com um aplauso de todos os presentes, incluindo presidentes de Câmara da região. “A presença de praticamente todos os seus colegas aqui é a melhor homenagem que lhe podiam fazer”, chegou a considerar o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, que identificou as características do homem que vai deixar de ser presidente da Câmara Municipal: “proximidade, empatia e respeito”.
Na cerimónia comemorativa do Dia do Município, que decorreu no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital, o Município procedeu à atribuição de medalhas de Mérito Municipal a: António Pires Almeida, fundador do Clube de Caça e Pesca de Oliveira do Hospital; Armazéns de Mercearia A. Monteiro S.A, uma das empresas mais antigas de Oliveira do Hospital; Casa do Povo de Nogueira do Cravo, associação local com fins sociais e culturais; Grupo IG (Irmãos Gonçalves), grupo de empresas criado em Oliveira do Hospital em 1989 pelos irmãos Rui Gonçalves e Carlos Gonçalves; e Mário Fernando Ramos Brito, dirigente do Futebol Clube de Oliveira do Hospital e empresário.
Também foram distinguidos os melhores alunos: Lara Mendes Pinheiro (10º Ano), Maria Gonçalves Salgado (11º Ano), Fernando Menezes Vicente (12ºAno), Estevão Abreu (Ensino Profissional) e Fabien Pereira Nunes (ESTGOH).