Marta Temido apresentou, no final da reunião com os especialistas no Infarmed, “cinco conclusões essenciais”.
O nível de confinamento está também a ter impacto naquilo que eram as estimativas que o Instituto Ricardo Jorge fazia relativamente à situação das novas variantes, concretamente, a nova variante inglesa que, recordou Marta Temido, “era estimado que atingisse já 60% da circulação do vírus no país neste momento”, tendo Portugal conseguido reduzir a sua predominância.
A segunda conclusão, prosseguiu, é que “fica bastante claro, de acordo com aquilo que os peritos transmitem, de que quanto maior é a intensidade do confinamento, mais rápida é a redução do risco efetivo de transmissão. Ou seja, “observámos dois decréscimos do risco de transmissão, um após as primeiras medidas decretadas pelo Governo (no dia 15 de janeiro) e outro mais intenso a seguir ao agravamento (21 de janeiro)”.
O que é facto, reforçou, “é que no segundo momento esse decréscimo foi mais acentuado”. Neste momento, o R situa-se em 0,82 para o período de 30 de janeiro a 3 de fevereiro, o que é um valor “bastante baixo”.
Outra das conclusões é que “apesar destas medidas estarem a produzir resultados, é bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo, desde já, durante o mês de fevereiro e, depois sujeito a uma avaliação, mas provavelmente por um período de 60 dias a contar do seu início”.
Marta Temido assinalou que foi dito pelos peritos que “será um confinamento desse tipo que nos permitirá, estimativamente, ter uma ocupação das UCI abaixo das 200 camas e uma incidência a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”.
“Apesar de estar a produzir resultados é bastante evidente que o nível de incidência em que ainda nos encontramos aponta neste sentido”, alertou.
Os resultados apresentados sobre a perceção da confiança dos portugueses no processo de vacinação e na adesão à vacinação “mostram uma intenção elevada” da parte da população em se vacinar, o que “transmite confiança nas vacinas”. Este é um “indicador importante para a recuperação do país” e que deve “ser lido de acordo com aquilo que é a escassez de vacinas que ainda continuamos a enfrentar”, sublinhou Marta Temido.
Por fim, a governante referiu-se à necessidade de planear o futuro alargando e multiplicando a testagem massiva.
“A testagem é essencial, o rastreio é essencial, para conhecermos o estado de infeção na população. Sabemos que quando há um decréscimo de incidência, tende a haver uma menor procura de casos pela parte dos cidadãos e temos que contrariar essa natureza”, disse, referindo-se concretamente ao alargamento dos testes rápidos de antigénio para “que em cada momento consigamos perceber o estado da circulação do vírus na população”.
Concluindo, Marta Temido deixou “a nota da preocupação em manter uma incidência baixa; a nota de monitorizar a circulação de novas variantes (através do alargamento da testagem mas também do rastreio de contactos e sequenciação genómica) e a nota da desejável aceleração do processo de vacinação que está dependente do abastecimento ao país”.