O líder do CDS-PP de Oliveira do Hospital alertou, ontem à noite, para o “gravíssimo problema de despovoamento do interior do país” porque “ não é só do ponto de vista demográfico é também florestal”.
Rafael Dias partilhou esta preocupação no programa Vice-Versa da Rádio Boa Nova, onde foi abordada a problemática em torno dos incêndios, na sequência da tragédia que se voltou a repetir nas regiões do Norte e Centro do país.
Para o jovem centrista, o abandono está diretamente associado à dura realidade dos incêndios florestais, apontando com dados concretos: “neste momento temos cerca de 60 por cento do nosso território florestal nas mãos de defuntos que, às vezes já vão numa 4ª geração”. “Estamos a falar de proprietários que já morreram em 1950, 1960, pessoas que emigraram para o Brasil, para os EUA e Europa Central e não houve preocupação do Estado em adaptar as leis a uma realidade que é completamente diferente”, frisou.
Rafael Dias fala de “um abandono muito perigoso”. “Neste momento, 45 por cento do nosso território florestal está ao abandono – 30 por cento de mato e 15 por cento de pinhais e eucaliptais – e completamente degradado e deveria haver, efetivamente, um plano de ordenamento florestal seja por espécie, seja por zona”.
No espaço de debate da Rádio Boa Nova, Rafael Dias defendeu que “deveria haver um planeamento do próprio Estado, porque Portugal é dos países com menos propriedade pública de floresta e é o segundo país da União Europeia que tem menos hectares florestais ao abrigo de um qualquer plano de gestão florestal”. “Mais de 90 por cento do nosso território florestal está nas mãos de privados e nós gastamos mais de 500 milhões de Euros por ano em combate a incêndios e gastamos muito pouco em prevenção”.
Lembrou ainda que “o último grande plano de arborização no território aconteceu ainda durante o Estado Novo em 1938 até 1968, em que se arborizaram meio milhão de hectares”. “Desde essa altura, até hoje, nunca mais houve a preocupação de qualquer Governo em gerir a floresta”, lamentou.