O Município de Oliveira do Hospital distribuiu ontem, por ocasião dos três anos após o grande incêndio de 15 de outubro de 2017, cerca de 30 mil Euros a 24 lesados do fogo que deixou o concelho em cinzas.
Numa cerimónia simples, decorrida no Salão Nobre da Câmara Municipal, marcada por um minuto de silêncio “por dignidade e respeito” pelas 13 vítimas mortais, José Carlos Alexandrino, presidente do Município, explicou a demora na entrega dos respetivos donativos. De acordo com o autarca, a Cruz Vermelha Portuguesa tinha-se comprometido a doar 30 mil, contudo, devido às polémicas surgidas após a entrega de verbas a Pedrógão Grande, a Sociedade Nacional decidiu não avançar com o apoio inicialmente previsto para o Município oliveirense. “A Cruz Vermelha Portuguesa foi posta em causa pela forma como distribuiu o dinheiro em Pedrogão e isso veio prejudicar Oliveira do Hospital. Estávamos a contar com aquele dinheiro”, justificou o presidente.
Da conta solidária criada pelo Município após o grande incêndio, que chegou a atingir o valor de 74 mil Euros, sobraram quatro mil. Desta forma, executivo decidiu “fazer um esforço financeiro” e “buscar verbas ao Orçamento Municipal”, acrescentando cerca de 23 284 Euros. A cada uma das 24 pessoas, foi distribuído um máximo de 1 500 Euros.
“Os vossos pedidos orçamentavam-se nos 77 mil Euros. Era mais do que tínhamos entregue aos outros. Gostaria de vos pagar a totalidade dos prejuízos, mas isso não é possível. Sei que 1 500 Euros para muitos é pouco, mas é um sinal de esperança e de estimulo do nosso orçamento municipal”, disse”.
Na ocasião, José Francisco Rolo, vice-presidente do Município de Oliveira do Hospital, começou por expressar que “se há uma data que nos marca a todos na memória é o 15 de outubro por aqueles que perdemos”.
Por palavras do vice-presidente, o executivo “está de consciência tranquila porque, ao longo destes anos, a Câmara Municipal abriu as portas para tentar resolver os problemas dos cidadãos”.
Relembrou as 127 famílias que perderam as suas casas, das quais 125 foram reconstruídas.
“Foram reconstruídas com o esforço de cada um que foi vítima, com o apoio da CCDRC e com o esforço, a dedicação de um batalhador e guerreiro incansável, em defesa de cada cidadão do concelho de Oliveira do Hospital que perdeu a sua casa”, afirmou, referindo-se a José Carlos Alexandrino que “nem por um minuto calou a sua voz” junto dos mais elevados poderes políticos.
Por sua vez, José Carlos Alexandrino referiu que “não há nada que possa ter corrido pior do que este mandato”.
“Nunca houve nenhum mandato na história autárquica de Oliveira do Hospital tão difícil como este”.
À tragédia do grande incêndio, juntaram-se as tempestades Leslie e Fabian, que provocaram prejuízos de três milhões de Euros e, agora, a pandemia que já custou ao Município cerca de 400 mil Euros. “Não era previsível. Era dinheiro que se calhar poderia ter sido repartido por vós. É difícil. Gerir uma Câmara é como gerir uma casa”, concluiu o autarca.