O Centro de Saúde de Oliveira do Hospital passa, a partir de agora, a funcionar provisoriamente nas antigas instalações da escola básica da cidade, no âmbito do arranque da empreitada para a ampliação e requalificação do equipamento de saúde. A obra, que representa um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros, financiado a 100 por cento pelo Plano de Recuperação e Resiliência, deverá arrancar em breve com um prazo de execução de 548 dias.
Aquele que será um Centro de Saúde “de última geração” terá como objetivos criar “melhores condições de conforto e segurança para os utentes e profissionais de saúde”. Até lá, os serviços passam ser prestados nestas instalações provisórias, na Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro.
A transição aconteceu esta segunda-feira (21) e, “de um modo geral, está tudo a correr bem e sem grandes sobressaltos”, como garantem Rui Pedro Loureiro, coordenador da Unidade de Saúde Familiar (USF), e Rui Ferreira, coordenador da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP). Segundo os responsáveis, esta foi a melhor solução encontrada para prestar cuidados de saúde. Neste novo mas provisório espaço, “os secretariados das duas unidades estão juntos” e os utentes aguardam numa sala de espera comum antes de serem encaminhados para as suas consultas.
“Tivemos sorte e ficámos a ganhar”, frisa Rui Pedro Loureiro, considerando que “a opção dos contentores poderia não ser tão funcional”. Segundo os responsáveis, “o feedback tem sido positivo”.
Quanto ao projeto para um novo e remodelado Centro de Saúde, Rui Pedro Loureiro defende que “é importante que a obra avança”, mas o espaço provisório deixa os profissionais “tranquilos” pois, embora num edifício diferente, estão “garantidas as condições para os utentes de igual modo”.
Agora falta combater a carência de médicos
Nos últimos tempos, foram colocados dois médicos em Oliveira do Hospital, um deles o próprio coordenador da UCSP, Rui Ferreira, mas são precisos mais. Neste momento, estarão cerca de três mil utentes sem médico de família. “Ainda há uma carência de médicos, mas estamos a trabalhar nisso”, afirma. De acordo com o clínico que chegou ao concelho há um mês e que logo assumiu a coordenação da UCSP, o “caminho” é criar uma segunda USF. Mas, “primeiro é preciso atrair recursos humanos, nomeadamente médicos para dar uma resposta a toda a população”. Para Rui Ferreira, também a criação de mais uma USF “é uma mais-valia para atrair novos médicos”.
A nível norte do concelho, todas as extensões de saúde encontram-se abertas e “com médico atribuído”. A sul, Nogueira do Cravo “abriu recentemente” e o objetivo é abrir as restantes.
Para Rui Pedro Loureiro, não é a localização geográfica de Oliveira do Hospital que causa desinteresse aos profissionais de saúde. “O problema é global”, disse, acreditando que é “a carreira de médico de família” que não tem sido valorizada. “Para o coordenador da USF, “há um processo que tem de ser feito para cativar médicos num modo geral” e claro que “o interior acaba por ser mais penalizado”.
Já Rui Ferreira acredita que há uma tendência em preferir “grandes centros urbanos”, mas “nem sempre é justificável”. O próprio é prova contrária disso. Residente em Mangualde, o novo médico acabou por escolher Oliveira do Hospital pelo ambiente que encontrou. “Se conseguirmos criar condições para atrair e fixar médicos, eles acabam por vir”, afirma.