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Opinião: “Mediocridade – a condição de alguém que podendo fazer o melhor se contenta ao possível”   

Estamos a assistir ao “requiem” de mais um símbolo da nossa cidade tal como aconteceu, bem recentemente, com o fim da IRSIL, um pujante exemplo do poder da Indústria de Confecções do nosso concelho, para gáudio de uns poucos, tristeza de outros e indiferença da maioria. Refiro-me ao FCOH.  

Há cem anos a esperança média de vida era de 45 anos, hoje é de 75 anos. 
Há 75 anos os cuidados de saúde, educação, habitação eram para minorias. Hoje são para maiorias. 
Há 50 anos os rebanhos eram guardados por Cães da Serra. Hoje são guardados por Drones. 
Há 30 anos o nosso Concelho era o terceiro mais industrializado do Distrito e a Indústria de Confecções o maior símbolo de Oliveira do Hospital. 
Há 5 anos o FCOH passou a ser a mais conhecida referência do Concelho de Oliveira do Hospital. 

A Mediocridade explica o declínio de um Concelho, de uma Empresa, de uma Família, de uma Comunidade. 

Os nossos empresários, os nossos professores, os titulares de profissões liberais, os políticos, como  a maioria de nós perdeu o sentido, o sentimento de COMUNIDADE! 

Tudo se trocou por um Porsche vistoso, por umas férias paradisíacas no Catar, por telemóveis de última geração nas mãos das crianças, por redes sociais e, pior ainda, por nos embasbacarmos perante os écrans da TV, assistindo ao “heroísmo” de adultos dormindo à porta do Estádio ou fazendo 500 km para assistir a um qualquer concerto.

Não se “capta” a importância da notícia da doação de 99% da fortuna de Bill Gates, ou seja, 175 mil milhões de euros, como exemplo do sentido de Comunidade.

O sentimento Comunitário perdeu-se, esqueceu-se, menosprezou-se, mas foi esse sentimento que existiu no espírito do ”imigrante” Sr. Eduardo Correia, fotógrafo de profissão, vindo do norte de Portugal e um dos fundadores do clube, em 7 de Julho de 1938, mantido até hoje por dedicados defensores da Comunidade. 

Mas o declínio do nosso Concelho, e em particular do FCOH, não se deve só ao individualismo, ao egoísmo e ao hedonismo que se apossou da maioria de nós.

Também se deve ao Sr. Mário Brito, que dirigiu o clube demasiado tempo. Deveria ter saído mais cedo, deveria ter sabido dominar a sua paixão, a sua dedicação e compromisso ao Clube, há mais tempo,

Mário Brito foi um homem de COMPROMISSO! Não foi um homem MEDÍOCRE, pois, na vida, não se limitou a fazer o possível, mas sim a ultrapassar o expectável, a dar o melhor dele. 

Compromisso é o que falta à maioria de nós, sejam políticos, empresários, profissionais de ensino, de saúde ou de sócios do FCOH. Compromisso não é trabalhar sem salário, sem condições de trabalho, mas trabalhar melhor dentro das condições que se têm. 

Os valores comunitários precisam de ser recuperadas pela maioria de nós. Não podemos deixar serem sempre os mesmos a garantir a ARCIAL, a RBN, o CBS, o OH SPORTS, a SAMPAENSE BASKET, o FCOH, símbolos maiores do Concelho.

Num mundo em plena transformação tecnológica, que contribui para que se perca a empatia e as relações interhumanas reais a favor de relações inter-humanas virtuais com milhares de “amigos” que não valem um Amigo Real! 

Como garantir a empatia e as relações reais se para tal não lutarmos, não avançarmos não lançarmos o nosso abraço, o nosso conhecimento e o nosso poder, seja ele político, económico ou intelectual? 

Os clubes, para além da prática desportiva, formação humana e de hábitos de competição saudável, proporcionam espaços de efervescência humana, de empatia, de ligações espontâneas e calorosas.  Temos que cultivar tudo isto para conservar viva a nossa realidade de dia a dia e não desaparecer anonimamente numa realidade virtual colérica e alienante. 

O Futebol Clube de Oliveira do Hospital é um dos nossos símbolos que nos representa e nos une como concelho, e não podemos deixar que perca o lugar que tem ocupado nos últimos anos. 

O lugar da equipa na Liga 3 foi um estímulo, uma motivação, um desafio para todo o jovem praticante, que lhe permitiu sonhar e ganhar coragem para combater o desânimo, a frustração e as dificuldades do dia a dia de cada atleta e, porque não, de cada Oliveirense. 

No próximo dia 23 haverá uma nova assembleia Geral do FCOH e seria um valor acrescentado para o Concelho se, voluntariamente, heróicamente e civicamente aparecessem voluntários disponíveis para servir o Clube e a Comunidade, retribuindo assim uma quota parte do que já receberam das escolas, das empresas, dos trabalhadores, dos antecessores, do vizinho… 

Que a mediocridade não vença! 
Ser Humano é ser solidário! 

OLIVEIRA DO HOSPITAL, 11 DE JUNHO DE 2025 

Carlos Brito

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