O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou hoje que o Ministério da Saúde está a criar “uma selva, sem regras e sem critérios” para a contratação de médicos.
Segundo Carlos Cortes, “há hospitais e centros de saúde com situações muito críticas”.
Além de “desrespeitar os concursos normalmente programados, o Ministério da Saúde está a privilegiar alguns hospitais sem qualquer critério, criando assim uma situação de gritante desigualdade entre unidades de saúde e entre médicos, uns esperando por um concurso que nunca mais surge e outros já com um contrato de médico especialista”, lamentou.
Na opinião de Carlos Cortes, “o Ministério da Saúde é o primeiro a prevaricar e introduzir iniquidade entre unidades de saúde”.
“Fica assim demonstrada a total incompetência do Ministério da Saúde na gestão dos recursos humanos, área sem a qual é impossível levar a cabo um adequado desempenho do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, acrescentou.
A estrutura da Ordem dos Médicos considera que o Ministério da Saúde tem “dois pesos e duas medidas”, porque “para alguns hospitais e centros de saúde permite a contratação de médicos fora do âmbito dos concursos normalmente previstos e, para outros casos, não autoriza esse procedimento”.
A isto soma-se o facto de continuar “a protelar os concursos dos 710 médicos recém-especialistas (dos quais 234 médicos da região Centro) que concluíram o internato de especialidade em 2017” e de, recentemente, ter permitido um “vergonhoso processo concursal manchado de ilegalidade”, em que médicos sem especialidade podem substituir médicos de família, acrescenta.
Com o objetivo de conhecer a realidade, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos contactou os 234 médicos da região Centro que concluíram o internato de especialidade no ano passado, por correio eletrónico e telefonicamente.
“Os resultados demonstram o estado atual do SNS e a desesperança destes recursos humanos de excelência”, considera.
Segundo a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, “65% ainda aguardam por concurso, 6% abandonaram o SNS e estão no setor privado, 28% foram colocados através de contratação direta”.
“Nove em cada 10 médicos opõe-se frontalmente à proposta do ministro da Saúde para a fusão dos dois concursos previstos para 2017 e que ainda não se realizaram”, acrescenta.